AGORA É GREVE!

Depois de várias rodadas de negociação entre agosto e setembro, é os bancos dizendo não para todas as nossas reivindicações, agora não tem mais jeito, AGORA É GREVE!

NÃO COMPENSE AS HORAS DA GREVE - BANCOS NÃO SÃO ENTIDADES FILANTRÓPICAS


GREVE É DIREITO, NAO É DELITO!

09 janeiro, 2006

O mal da privatização no setor bancário

A participação de bancos estrangeiros no mercado financeiro nacional disparou nos últimos anos, com a abertura do setor ao capital internacional e a política de liquidação dos principais bancos estaduais do país. Até 1990, de acordo com relatório anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS), as instituições estrangeiras detinham apenas 6% do total de ativos bancários no Brasil. Sua fatia cresceu quatro vezes e meia até 2004, saltando para 27%, num total de 107 bilhões de dólares – o equivalente a 18% de todas as riquezas produzidas pelo país (Produto Interno Bruto – PIB) naquele ano.
Com sede em Basiléia, na Suíça, o BIS funciona como uma espécie de “banco central dos bancos centrais” do mundo. A instituição define padrões para examinar a saúde financeira dos bancos ao redor do planeta e estabelece normas de segurança para as operações de instituições financeiras, de forma a preservar depositantes e clientes. Os ativos de um banco (ou empresa) englobam desde prédios, terrenos e outros imóveis, até ações, títulos e dinheiro vivo de sua propriedade.

GOVERNOS AJUDAM
No Brasil, o avanço dos banqueiros internacionais tem sido facilitado por uma mudança adotada no governo Fernando Henrique Cardoso, e mantida pelo atual: a entrada de bancos internacionais passou a ser autorizada por um simples decreto presidencial, sem consulta ao Congresso ou à sociedade.
Mas a chegada desses bancos não precisa significar, necessariamente, investimentos em redes de agência ou a criação de novas riquezas, via aumento da oferta de créditos para financiar o crescimento da economia, por exemplo.
Como regra, informa o BIS, os estrangeiros têm escolhido a compra de bancos existentes (como no caso do espanhol Santander, que comprou o Banespa). Na maioria das vezes, os investimentos são substituídos pelo fechamento de agências e demissão de pessoal.
Desde os anos 1990, diz o relatório do BIS, os investimentos de bancos estrangeiros em mercados “emergentes” vem sendo estimulados pela possibilidade de obter lucros cada vez maiores naqueles mercados. No caso brasileiro, os estímulos são particularmente atraentes, face à política de juros altos, que tem gerado lucros recordes para os estabelecimentos bancários.
Assim, os investimentos de bancos estrangeiros na compra de instituições financeiras nos países “emergentes”, Brasil incluído, cresceram 27 vezes desde o período 1991-1995 até 2001-outubro de 2005, saltando de 2,5 bilhões de dólares para 67,5 bilhões de dólares, depois de atingir 51,5 bilhões de dólares de 1996 a 2000.
Aqueles recursos, que representavam 13% dos investimentos totais realizados pelo setor financeiro entre 1991 e 1995, passaram a 28% entre 1996 e 2000, e subiram para 35% de 2001 a outubro de 2005.

DEPENDÊNCIA
Festejado pelos defensores intransigentes do livre fluxo de capitais, esse tipo de investimento, de acordo com o próprio BIS, carrega dois inconvenientes (ou “desafios”, para ser fiel ao relatório): deixa a economia local mais exposta aos riscos de crise e às mudanças nas condições do mercado internacional; e transfere o centro de decisões para as matrizes dos bancos estrangeiros.
Este segundo “desafio” significa que os governos locais – e o brasileiro não foge à regra – perdem independência para tomar decisões relativas ao setor financeiro. Tais decisões, explica o BIS, podem incluir até mesmo a saída do país inicialmente escolhido pelo dono da instituição estrangeira, que simplesmente leva embora os recursos aplicados.

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