AGORA É GREVE!

Depois de várias rodadas de negociação entre agosto e setembro, é os bancos dizendo não para todas as nossas reivindicações, agora não tem mais jeito, AGORA É GREVE!

NÃO COMPENSE AS HORAS DA GREVE - BANCOS NÃO SÃO ENTIDADES FILANTRÓPICAS


GREVE É DIREITO, NAO É DELITO!

18 novembro, 2006

ALGO ESTRANHO ACONTECE NOS CÉUS DO BRASIL

Em fins de outubro de 2006, alguma coisa estranha começou a acontecer nos céus do Brasil. Os aviões começaram a pousar atrasados nos aeroportos. Duas, três, quatro horas de atraso. Dezenas, centenas, milhares de vôos atrasados. Não sendo freqüentador de aeroportos, este escriba limitou-se a acompanhar as notícias a respeito desse fenômeno através de notas na televisão e na internet. Mas a princípio foi muito difícil entender o que estava acontecendo. Os aviões estavam atrasando? Atrasando por quê? Será que de repente começaram a ficar mais lentos? Que tipo de bizarra distorção das leis da física poderia provocar a lentidão repentina dos engenhos aeronáuticos? O ar no Brasil começou a ficar inexplicavelmente mais espesso? Os ÓVNIs abandonaram a prática das abduções individuais e partiram diretamente para os raios de tração sobre os aviões? Refratário a explicações não-científicas, este escriba partiu para outras possíveis respostas, mesmo assim sem muito sucesso. Será que o número de aviões multiplicou-se de maneira súbita e imprevisível? Da noite para o dia, o caos do trânsito nas metrópoles reproduziu-se no céu? Na cidade o trânsito às vezes pára por causa de um único carro com pneu furado em alguma avenida crucial para a circulação urbana. Mas como isso poderia acontecer com aviões, e simultaneamente em vários aeroportos do país? Em vão tentava-se entender o mistério do atraso dos aviões. Somente depois de várias semanas foi possível descobrir que não havia nenhum fenômeno místico se desdobrando no espaço aéreo brasileiro. Para fazer essa descoberta, foi preciso juntar os cacos de diversas informações fragmentadas. O que estava em curso era uma GREVE. Uma GREVE, com nome e sobrenome: operação padrão. Os controladores de vôo dos aeroportos começaram a cumprir os normativos. Passaram a trabalhar com o número correto de aeronaves que cada um deve acompanhar. E enquanto cada aeronave recebe o devido acompanhamento, as demais esperam. Enquanto esperam, precisam manter-se no ar. E isso provoca os atrasos. Elementar, meu caro Watson. Descoberta a verdade sobre o fenômeno, multiplicaram-se as interrogações: por que a mídia não pode pronunciar o nome (GREVE) da operação padrão dos controladores de vôo? E por que motivo a GREVE estalou neste preciso momento e não em outro? Em relação à mídia, trata-se de um sintoma do seu modo estrutural de funcionamento: apresentar os dados de maneira fragmentada, justapostos arbitrariamente sem nenhuma conexão orgânica. Dessa forma, o receptor da “informação” fica impossibilitado de entender o que está acontecendo, porque não pode ter a percepção de como os diversos fatos particulares, apresentados numa avalanche infindável, se articulam na totalidade do real. Sem entender a relação entre os fatos, o público receptor permanece passivo, esperando ansiosamente pela próxima “informação”. Para entender a GREVE dos controladores de vôo (e também a tentativa da mídia de não explicá-la) é preciso relacioná-la com o restante da realidade nacional. Os controladores de vôo fazem parte do quadro de pessoal da Aeronáutica. Estão sujeitos aos regulamentos militares. Portanto, estão proibidos de fazer GREVE. Uma GREVE no interior das Forças Armadas representa quebra de hierarquia. E a hierarquia é a própria essência do dispositivo militar, portanto não se pode admitir a sua ruptura. As Forças Armadas são a instituição fundamental do Estado burguês, pois através dela preserva-se pela força a ordem social capitalista que opõe hierarquicamente dominadores e dominados. Por isso a hierarquia em seu interior é tão fundamental. A mídia, que é outro dos pilares fundamentais do sistema, bate continência e proíbe a si mesma de pronunciar a satânica palavra proibida: GREVE. Além de prestar obediência servil ao princípio hierárquico, a mídia também tratou de desempenhar a tarefa na qual é especialista: desmoralizar a organização coletiva dos trabalhadores. Passaram a circular notícias de que somente 3% dos controladores de vôo falam inglês. Com isso, o público espectador passa a associar aos controladores a idéia de que são atrasados, incompetentes, desatualizados. Essa idéia converge com a ideologia contemporânea da globalização de que “todos precisam falar inglês para competir no mercado”, etc. Por meio dessa associação subliminar, o espectador cede à campanha da mídia de promoção da globalização e do mercado, ou seja, de privatização neoliberal e destruição da soberania nacional. O que explica a GREVE dos controladores de vôo não é o fato de que não “falam inglês”, mas o fato de que o Estado brasileiro está sendo sucateado para ser vendido aos pedaços para o capital estrangeiro. Um Estado sucateado como o do Brasil não contrata servidores públicos, nem mesmo para um setor estratégico como as Forças Armadas. Sem um número adequado de funcionários, os trabalhadores são obrigados a arcar com acúmulo de serviço. Um número pequeno de trabalhadores faz o serviço que caberia a uma quantidade muito maior. Cada controlador de vôo lida com muito mais aviões do que deveria. Quando a exploração da força de trabalho se torna inaceitável, os trabalhadores partem para a GREVE. Toda GREVE é mediada pelo estado concreto de consciência do setor do proletariado em movimento. No caso do setor em questão, o grau de consciência que produziu massa crítica para a GREVE foi proporcionado pela mediação do maior desastre aéreo da história brasileira: o choque entre o jato Legacy e o boeing da Gol que provocou a morte de 154 passageiros e tripulantes. As especulações subseqüentes ao desastre terminariam por jogar a culpa sobre os controladores de vôo. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. De um lado, o mentecapto Estado brasileiro não pode responsabilizar os pilotos estadunidenses, já que, como vassalos que somos, não podemos jamais desacatar a hierarquia da dominação imperial. (Imagine-se a situação inversa: pilotos brasileiros provocam a morte de centenas de cidadão estadunidenses. O desdobramento dessa hipótese é óbvio, os brasileiros jamais sairiam vivos do território estadunidense: linchamento, cadeira elétrica ou prisão perpétua. Já os pilotos estadunidenses...). De outro lado, também não se pode colocar a culpa numa eventual falha dos equipamentos do Legacy da Embraer, pois isso queimaria a imagem de uma empresa sólida, fundamental para a pauta de exportações brasileira. Essa hipótese, cogitada pela mídia brasileira, que nunca cogitou de culpar a Boeing, também teve de ser descartada (aliás, como é possível que, num choque entre uma aeronave de grande porte e uma de pequeno porte, a maior caia e a menor escape praticamente ilesa? Como se um ônibus e uma bicicleta colidissem, mas só o onibus se arrebentasse. Isso também não contraria as leis da física? Este escriba não acredita nas bruxas, mas que elas existem, existem...). As apurações ainda não encontraram um culpado conveniente. Logo, uma vez que os pilotos estadunidenses são naturalmente infalíveis, a culpa só poderia ser dos incompetentes controladores de vôo brasileiros. Óbvio. A culpa é nossa? GREVE!!! Operação padrão!!! E tome “atrasos nos vôos”!!! A operação padrão dos controladores de vôo deixa uma lição inestimável para todos nós trabalhadores. Há mais mistérios entre os céus do Brasil e a consciência dos trabalhadores do que sonha a filosofia mística da mídia vendida.

Daniel M. Delfino17/11/06

08 novembro, 2006

Campanha Salarial dos bancários 2006: Balanço e perspectivas

Introdução

Tivemos, mais uma vez, a greve da categoria encerrada com uma traição de sua direção. Só que com uma diferença em relação às anteriores, desta vez foi explicita a unidade do sindicato com o banco para acabar com a greve.
O processo de construção do movimento, desde o Encontro da Contraf/CUT, a entrega da pauta sem assembléias de base para sua aprovação, o Encontro de Base alternativo, o calendário da Oposição e a greve rebelada contra o Comando Nacional da Contraf/CUT, a construção do Comando de Base eleito nas assembléias e a falência do Comando Nacional da Contraf/CUT, são todos episódios de um processo que terminou com uma conclusão clara da categoria: No ano que vem é preciso um outro Comando de negociação e o fim da mesa única. Para isso avançar estamos propondo a construção de uma Associação Nacional dos Bancários.
Este documento, longe de ser uma resposta completa pretende apenas abrir o debate que temos que fazer para avançarmos na construção de uma direção alternativa da categoria. Uma direção que não apenas possa negociar as verdadeiras reivindicações dos bancários, mas, sobretudo levar adiante as lutas gerais que teremos que enfrentar no futuro próximo e também no cotidiano de nossa classe.
Conjuntura: Governo e patrões atacam, os trabalhadores lutam e as direções sindicais traem!

O balanço de nossa campanha salarial tem que ser localizado no processo mais geral que envolve a política que o governo vem aplicando, o processo eleitoral que estava em curso durante a campanha salarial, as lutas das demais categorias e o papel da CUT traindo essas lutas para defender o governo e sua política.
O governo Lula esteve aplicando direitinho toda a política do FMI, chegou a adiantar o pagamento da dívida externa (R$ 15 bi) para dizer que se livrou do FMI e fazer sua campanha dizendo que estava superando FHC na administração do país.
Acontece que os trabalhadores sabem que o nível de vida geral não mudou para melhor, ao contrário, a miséria vem crescendo junto com o arrocho salarial, a decadência da saúde, educação e transportes públicos, além do aumento das dividas externa e interna, da dependência externa do país e da desnacionalização da economia.
A CUT cumpriu o papel de fiel escudeiro do governo e ajudou o PT a promover mais ataques aos trabalhadores, bem como protegeu o governo dos escândalos de corrupção. Até as privatizações promovidas pelo governo, como o Banco do Maranhão e o Banco do Ceará, foram completamente ignoradas pela CUT, e a própria Contraf/CUT se limitou a fazer uma nota criticando os governos estudais pela privatização quando se sabia que os bancos estavam federalizados e sob responsabilidade direta de Lula.
Na campanha salarial os bancários sabiam que as eleições seriam um bom momento para a greve, mas a Contraf/CUT só marcou uma paralisação de 24 horas no finas de setembro, quando vários sindicatos já tinham indicativo de greve por tempo indeterminado, e mesmo assim, com uma greve nacional só marcaram a greve para depois do 1º turno dividindo a greve nacional da categoria.
Isso aconteceu a outras categorias como Correios, petroleiros, metalúrgicos e funcionalismo público federal, onde em todas essas campanhas salariais a CUT boicotou a vontade da base fazendo greves fragmentadas, assinou acordos rebaixados e traiu lutas importantes que poderiam estabelecer um patamar mais elevado para as categorias que estavam entrando em luta.
Todas essas categorias são dirigidas pela CUT em nível nacional, uma unificação dessas categorias com bancários e uma greve nacional de todos colocaria a questão dos salários em evidência, pois todos veriam que o arrocho salarial é comum ao conjunto dos trabalhadores, enquanto os patrões aumentam seus lucros anualmente. Essa é a essência da política do governo Lula.
No segundo mandato de Lula a situação irá piorar muito, pois há uma crise na economia mundial que está se aproximando. O Brasil está mais dependente do mercado internacional graças à política de exportação e com uma crise mundial nosso país será afetado em cheio.
Isso é o prenuncio de que as coisas não serão as mesmas que forma no primeiro mandato, mas piores. Além, disso há todo o debate sobre as Reformas que até o NY Times anunciou que é a “única saída” do governo Lula e que deverá ser encaminhada já no ano que vem.
Essas Reformas serão uma declaração de guerra para a classe trabalhadora, que sofrerá com golpes violentos nas retiradas de direitos políticos, sociais, sindicais e trabalhistas. As Reformas irão endurecer para o lado dos trabalhadores que quiserem fazer greve facilitando a vida dos sindicatos pelegos que poderão até assinar acordo sem autorização dos trabalhadores.
As leis trabalhistas serão flexibilizadas e quaisquer dos direitos hoje assegurados poderão ser ignorados nos acordos coletivos. Por exemplo: se os banqueiros quiserem deixar de pagar nos salários os sábados, domingos e feriados eles poderão fazer um acordo neste sentido impondo que se aceite o trabalho nos fins de semana e feriado como jornada normal. Se o sindicato aceitar, o acordo é valido e não há como questionar na justiça.
Por isso, a luta dos bancários no próximo período não poderá se restringir às campanhas salariais, mas deverão ser também contras essas Reformas e se dirigir contra a política do governo Lula exigindo uma política que valorize os trabalhadores e proteja seus direitos. Se depender da CUT isso nunca irá acontecer, e temos que fortalecer a construção de Oposições contra a CUT, impulsionar a organização de base independente dos sindicatos da CUT e fortalecer a CONLUTAS como alternativa de direção nacional para organizar a luta unificada das categorias.
Neste sentido temos a proposta de participarmos ativamente nas campanhas que a CONLUTAS irá organizar contra as Reformas, que são: Os seminários regionais que deverão acontecer ainda este ano, sobre as Reformas e o Encontro Nacional que ocorrerá em Março do ano que vem para discutir uma campanha nacional contra as Reformas. Esta é uma proposta que apresentamos para nossos Encontros regionais votarem.
A preparação da Campanha Salarial deste ano

Seguindo o ritual tradicional, a Contraf/CUT convocou assembléias nas bases dos sindicatos para eleger os delegados ao Encontro Nacional que votaria a pauta de reivindicações e a mesa única da Fenaban.
No Encontro, ocorrido em São Paulo, havia uma presença de 90 % de dirigentes sindicais da CUT, que começou com o candidato Aloísio Mercadante e terminou com o plenário rachando e uma parte se retirando por conta de uma resolução que a Contraf/CUT queria votar de apoio à candidatura de Lula. Era o prenúncio do que estava para acontecer na campanha salarial.
As resoluções aprovadas lá, mais uma vez, desapontavam a categoria porque tinham o mesmo conteúdo de outras vezes, uma proposta rebaixada que não atendia aos interesses da categoria, particularmente aos bancos públicos.
O Comando Nacional foi montado de forma biônica, com indicação das federações e sem nenhum debate nas bases. Mas o pior estava por vir, depois de muitos anos da derrubada dos pelegos dos sindicatos, nós voltamos a ver uma postura das mais odiosas pela categoria.
Os sindicatos não chamaram assembléias para que a base decidisse sobre a pauta elabora no Encontro Nacional, e a Contraf/CUT enviou para os banqueiros a pauta sem consultar as bases. Com a conivência dos sindicatos foi dado um grande golpe na democracia do movimento e isso era mais um prenúncio do que estava por vir.
As traições da Contraf/CUT

Desde que se iniciou era Lula, a categoria tem feito grandes greves que fogem ao controle dos sindicatos e desafiam os limites estabelecidos pela tróica sindicato-banqueiros-governo. Isso tem se repetido nos últimos quatro anos, ora com mais força ora com mais “calma”, como foi a greve deste ano que se mostrou tranqüila, mas muito forte.
E se de um lado a categoria vem realizando essas lutas incríveis, do outro a direção do movimento vem tentando derrotar os bancários para desmoralizar o movimento e colocá-lo sob seu controle. O fato é que a cada ano a traição fica maior e mais descarada.
O desenrolar da campanha salarial deste ano fez a categoria assistir ao ressurgimento dos métodos pelegos em todos os aspectos.
Primeiro foi com relação ao calendário, pois o Comando Nacional da Contraf/CUT tinha a clara intenção de só fazer algum movimento após o primeiro turno das eleições. Naquele momento Lula estava com um índice muito alto nas pesquisas e todos davam como certo sua reeleição no 1º turno.
A CUT estava claramente fazendo campanha para o Lula, bastava entrar no sitio daquela central e ver explicito o apoio ao governo. Também nos sindicatos ligados àquela central eram correntes as propagandas nos materiais informativos das entidades, inclusive enviando correspondências às casas dos sócios dos sindicatos.
Mas não era na propaganda que se limitava o apoio, nas greves que estavam sendo construídas os trabalhadores viam seus sindicatos fazerem de tudo contra a categoria que estava em luta.
Foi assim que a categoria sentindo que antes das eleições poderia fazer uma greve e conquistar, com mais facilidade, um bom acordo. Começou uma greve antes das eleições, dia 26/09, que se alastrou e se tornou realidade na esmagadora maioria do país.
Enquanto isso, o Comando Nacional mantinha sua orientação de só se fazer uma assembléia em 04/10 para discutir o que fazer. Nos sítios da Contra/CUT e dos sindicatos cutistas não se falava nada sobre a greve em outros estados, enquanto toda a categoria já sabia que isso estava ocorrendo.
Em alguns sindicatos foram feitos abaixo assinados para assembléia como em São Paulo onde a Oposição fez dois abaixo assinados. Em alguns lugares a diretoria se recusou a receber o abaixo assinado, como em Fortaleza onde a diretoria fechou a porta, apagou a luz e fingiu que não tinha ninguém para receber o abaixo assinado.
Em outros lugares, como Curitiba, a diretoria gastou quase todo o tempo da assembléia atacando os bancários que fizeram o abaixo assinado, e elogiou o Comando Nacional que ignorava a greve da categoria.
Estes episódios demonstram bem o grau de degeneração dessa direção da CUT e como o movimento sofre para superar os problemas e enfrentar os patrões.
Com o advento do 2º turno era evidente que o governo ficou preocupado com a greve nacional e buscava um acordo par acabar com a greve. Havia condições de se alcançar uma proposta para o BB e a CEF que poderia ser referência para toda a categoria.
Mais uma vez ficou patente que a política de mesa única representa uma contrariedade aos interesses dos bancários dos bancos públicos federais. Enquanto o governo tinha essa disposição a Contraf/CUT segurava as negociações esperando que os banqueiros oferecessem alguma coisa mais próxima do BB e da CEF para poderem fechar um acordo junto na mesa única.
Para fazer uma proposta mais próxima da realidade da Fenaban, a CEF e o BB fizeram uma proposta aquém do que poderiam dar e muito mais aquém da greve que estava ocorrendo.
Por outro lado, é preciso deixar claro que a Contraf/CUT estava tramando uma derrota para os que saíram em greve “sem sua autorização”, e esperavam fechar o acordo rápido sem se preocupar com os dias parados. Foi em São Paulo que isso ficou bem claro quando a Oposição propôs que não se aceitasse um acordo sem a anistia dos dias parados e o sindicato enrolou muito para votar isso votando depois por unanimidade, e no dia seguinte defendeu assinar um acordo sem a anistia dos dias parados.
A greve estava muito forte e elles tentavam todo o tempo acabar com o movimento boicotando os piquetes e esperando as assembléias mais fracas para desmoralizar a categoria. Quando veio a proposta elles acreditavam que poderiam acabar com a greve e foram para as assembléias, em todo o país, para defendê-la e votar o fim do movimento.
Foram surpreendidos com a categoria que se recusou a aceitar o rebaixado acordo e votou pela continuidade da greve. Todos sabiam que era possível conquistar uma proposta melhor.
E foi então que a categoria assistiu al golpe mais baixo que se viu nos últimos tempos. A CEF e o BB orientavam claramente os gerentes e fura greves a irem para as assembléias, enquanto os sindicatos ficavam em silêncio e nem avisam direito a categoria sobre a assembléia e a votação, de novo, da mesma proposta já rejeitada.
Imaginem que uma assembléia, sem novidades em termos de proposta, ocorrendo nas vésperas de um feriado e com a categoria desinformada sobre o que se votaria na assembléia, não seria uma assembléia representativa dos que estavam em greve. Mas, a presença dos fura greves foi um elemento que desequilibrou de vez e colocaria um fim ao movimento.
Os sindicatos poderiam se recuar a colocar em votação a proposta já rejeitada, não só pelo fato de que a presença maior era de fura greves, como pelo fato de que não se havia novidades em termos de propostas e a greve se mantinha muito forte em todo o país. Mas, os sindicatos não vacilaram em se unir aos gerentes e fura greve e acabar com a greve.
Um golpe que causou indignação em todos que estavam presentes nas assembléias pela traição descarada dos sindicatos. Ainda que os gerentes e furta greves estivessem a mando da direção do banco eles foram apenas usados, mas era realmente os sindicatos quem estavam cometendo a maior traição.
A rebelião das bases

O questionamento dos bancários à sua direção não foi explosivo como em 2004, ao contrário, foi silencioso. A categoria ficava revoltada com as notícias que ouvia sobre o que a Contraf/CUT estava fazendo, mas não reagia.
O MNOB defendeu sozinho, nas assembléias de todo o país, contra a mesa única e por uma política de reposição de perdas que garantisse uma melhora significativa dos salários. Também defendíamos priorizar as negociações específicas para conquistar a isonomia, a jornada de seis horas sem redução dos salários e um novo PCC/PCS nos bancos públicos.
Quando a Contraf/CUT entregou a pauta sem assembléias de base, o MNOB fez um movimento de chamar um Encontro Nacional de Base que votasse uma outra pauta de reivindicações, sem a mesa única e um calendário de luta que apontava um dia de luta em 05/09.
Ao fazermos o dia de luta, vários delegados sindicais do RS perceberam que era possível construir uma mobilização mesmo sem a orientação da Contraf/CUT e foi aí que começou o processo de mobilização por fora do controle delles.
Um calendário foi votado por eles apontando uma paralisação de 24 horas e uma data indicativa de greve por tempo indeterminado a partir de 21/09. Isso foi gerando um debate em nível nacional e logo vários sindicatos tiveram um novo calendário que apontava para começar a greve em 26/09.
Até aí o Comando Nacional nem falava em greve, o que só veio a ocorrer depois das eleições gerais no país.
Com a greve que estava acontecendo em todo o país e o silêncio do Comando Nacional, boicotando claramente a greve, as bases começaram a se insurgir e eleger representantes de base para o Comando Nacional. Foram cinco sindicatos que tiveram essa iniciativa: Bauru, RN, MA, BA e Florianópolis.
Depois desses ouve outros representantes eleitos em Porto Alegre, Rio de Janeiro e em São Paulo, onde na assembléia da CEF a diretoria abandonou a assembléia para não reconhecer a eleição do representante de base.
Esses representantes procuraram o Comando Nacional da Contraf/CUT e não foram atendidos, pois o que lhes foi dito era que eles não poderiam representar a categoria nacional por não ter esse mandato.
Isso levou a que os representantes de Base formassem um novo Comando de Base e protocolasse um pedido de negociação na Fenaban, no BB e na CEF. Foi então que se descobriu o real entrosamento dos sindicatos com as direções dos bancos, pois a resposta no BB foi categórica: “Se vocês quiserem negociar ou ficam na mesa da Contraf/CUT ou na mesa da Contec.”
Ali ficou explicito que não existe livre negociação, não se respeita a autonomia das bases e que só se pode negociar com as Confederações, uma que é amiga e cúmplice e a outra porque é oficial.
Infelizmente a greve já estava no fim e não foi possível forçar a negociação nos bancos com o Comando de Base, mas essa experiência nos deixou claro a necessidade de discutirmos um outro aspecto da mesa de negociação antes mesmo de discutir a greve: Quem negocia em nome dos trabalhadores.
A rebelião das bases

O questionamento dos bancários à sua direção não foi explosivo como em 2004, ao contrário, foi silencioso. A categoria ficava revoltada com as notícias que ouvia sobre o que a Contraf/CUT estava fazendo, mas não reagia.
O MNOB defendeu sozinho, nas assembléias de todo o país, contra a mesa única e por uma política de reposição de perdas que garantisse uma melhora significativa dos salários. Também defendíamos priorizar as negociações específicas para conquistar a isonomia, a jornada de seis horas sem redução dos salários e um novo PCC/PCS nos bancos públicos.
Quando a Contraf/CUT entregou a pauta sem assembléias de base, o MNOB fez um movimento de chamar um Encontro Nacional de Base que votasse uma outra pauta de reivindicações, sem a mesa única e um calendário de luta que apontava um dia de luta em 05/09.
Ao fazermos o dia de luta, vários delegados sindicais do RS perceberam que era possível construir uma mobilização mesmo sem a orientação da Contraf/CUT e foi aí que começou o processo de mobilização por fora do controle delles.
Um calendário foi votado por eles apontando uma paralisação de 24 horas e uma data indicativa de greve por tempo indeterminado a partir de 21/09. Isso foi gerando um debate em nível nacional e logo vários sindicatos tiveram um novo calendário que apontava para começar a greve em 26/09.
Até aí o Comando Nacional nem falava em greve, o que só veio a ocorrer depois das eleições gerais no país.
Com a greve que estava acontecendo em todo o país e o silêncio do Comando Nacional, boicotando claramente a greve, as bases começaram a se insurgir e eleger representantes de base para o Comando Nacional. Foram cinco sindicatos que tiveram essa iniciativa: Bauru, RN, MA, BA e Florianópolis.
Depois desses ouve outros representantes eleitos em Porto Alegre, Rio de Janeiro e em São Paulo, onde na assembléia da CEF a diretoria abandonou a assembléia para não reconhecer a eleição do representante de base.
Esses representantes procuraram o Comando Nacional da Contraf/CUT e não foram atendidos, pois o que lhes foi dito era que eles não poderiam representar a categoria nacional por não ter esse mandato.
Isso levou a que os representantes de Base formassem um novo Comando de Base e protocolasse um pedido de negociação na Fenaban, no BB e na CEF. Foi então que se descobriu o real entrosamento dos sindicatos com as direções dos bancos, pois a resposta no BB foi categórica: “Se vocês quiserem negociar ou ficam na mesa da Contraf/CUT ou na mesa da Contec.”
Ali ficou explicito que não existe livre negociação, não se respeita a autonomia das bases e que só se pode negociar com as Confederações, uma que é amiga e cúmplice e a outra porque é oficial.
Infelizmente a greve já estava no fim e não foi possível forçar a negociação nos bancos com o Comando de Base, mas essa experiência nos deixou claro a necessidade de discutirmos um outro aspecto da mesa de negociação antes mesmo de discutir a greve: Quem negocia em nome dos trabalhadores.
A derrota da Contraf/CUT

Nesta campanha os trabalhadores deram uma lição na direção nacional e nos sindicatos que se aliaram à Contraf/CUT.
Primeiro foi com relação ao calendário que foi desrespeitado pela base e a categoria saiu de greve quando quis, depois quando foi para terminar e a Contraf/CUT defendia o fim da greve, mas a categoria se recusou a aceitar a proposta rebaixada e continuo em greve.
Depois foi a estratégia de mesa única, que com a greve e a situação do segundo turno levou o governo a puxar um acordo na mesa do BB e da CEF, mostrando a todos que a política de mesa única realmente não serve para os bancários, em particular para os bancos federais.
Finalmente, quando sai a proposta rebaixada e a Contraf/CUT insiste em defender a proposta para acabar com a greve e abre uma crise no Comando Nacional que acaba por não definir nenhuma posição. Era o triste fim e falência do Comando Nacional da Contraf/CUT.
A luta da categoria fez desmoronar o castelo da CUT e derrubou todos os obstáculos que essa direção colocou no caminho e só foi parar quando a turma da CUT se juntou ao patrão para derrotar a categoria.
A necessidade de uma alternativa para a próxima campanha

Essa campanha salarial acabou com um golpe da direção do movimento se juntando à direção do BB e da CEF votar nas assembléias o fim da greve. Depois de tantas traições, o fim da greve ficou como um gosto amargo na garganta da categoria que não queira o seu fim, mas também ficou como uma lição de que é preciso construir uma outra direção para o movimento.
Portanto, para as próximas campanhas salariais além da greve a categoria sabe que é preciso discutir o problema da direção da campanha. Isso é o que precisamos discutir neste momento.
O MNOB está chamando todos os que fizeram greve e foram contrários ao Comando Nacional da Contraf/CUT, para se construir uma alternativa de direção para negociar no ano que vem em nome dos trabalhadores.
Essa alternativa tem que ser democrática e de luta, estar a disposição da defesa dos direitos dos trabalhadores, respeitando a vontade soberana da maioria da base. Também é importante que essa alternativa seja independente de partidos e governos, tendo como objetivo a vitória das lutas da categoria.
Nossa proposta é a construção de uma Associação Nacional que organize essas lutas da categoria. Para as próximas campanhas salariais e para as lutas que virão contras as Reformas do governo precisaremos nos organizar por fora das entidades dirigidas pela CUT que não vão fazer a mobilização dos trabalhadores serem vitoriosas.
Essa proposta de Associação não está acabada, ao contrário, queremos começar essa discussão na base sem uma proposta pronta. As ansiedades dos companheiros que já querem algo pronto tem que ser contidas porque o processo tem que ser o resultado de um debate na base.
Também queremos discutir com os sindicatos que criticaram a Contraf/CUT e que se disseram contrários a toda a política que foi ditada para esta campanha salarial, que agora sejam coerentes e construam um novo Comando Nacional de Negociação, com representantes eleitos na base, em assembléias da categoria. Essa experiência, inclusive, pode avançar e construir uma Federação dos sindicatos que sejam independentes da Contraf/CUT. Uma experiência coerente deste processo foi feito pelo sindicato de Bauru, que não só elegeu seu representante para o Comando de Base, como discutiu na assembléia da categoria que não iriam entregar para a Contraf/CUT a procuração do sindicato para que eles assinassem o acordo, o Sindicato de Bauru decidiu que ele próprio é quem assinaria o acordo e assim o fez.
Ficamos sabendo também que o sindicato de Santa Maria, no RS, não assinou o acordo e estava sem a PLR do BB resistindo contra o acordo rebaixado.
As possibilidades são muitas e precisamos avançar nas discussões com a categoria em nível nacional. Só um amplo debate na base é que poderá garantir a construção dessas alternativas.
Para isso, a idéia é realizar ainda neste final de ano Encontros Regionais que façam o debates sobre essas alternativas e construam um projeto de Associação Nacional dos Bancários.
No ano que vem, antes da campanha salarial, deveremos estar realizando um Encontro Nacional que vote a fundação da Associação Nacional dos Bancários. Temos a proposta do seguinte calendário para os Encontros Regionais:

Nordeste: Todo o Nordeste se reúnem em Natal 02/12; Centro-Oeste: Se reúnem em Brasília 09/12;
Norte: Se reúnem em Belém 02/12; Minas e RJ: Reúnem no Rio dia 25/11; São Paulo: capital e interior, se reúne no dia 25/11 na capital; PR e SC: Se reúnem em Floripa no dia 02/12; RS: capital e interior se reúnem em Porto Alegre no dia 09/12;

Nestes encontros ainda precisaremos debater a mobilização contra as Reformas do governo Lula e como nos engajarmos na luta que a CONLUTAS vai organizar junto as diversas categorias.
Ainda sobre a greve

Apesar de muito forte, esta greve foi silenciosa, com uma fraca participação da categoria nas assembléias e piquetes. Isso foi um dos motivos que facilitou para os sindicatos da CUT desmontar greve colocando gerentes dentro dos sindicatos.
A base colocou o tempo todo de que não queria ir ao sindicato porque não queria ouvir os dirigentes e suas mentiras e manobras, não queriam se aborrecer. Também não queriam fazer piquetes porque estavam decepcionados com as greves passadas e não se dispunham a militar nesta greve, se limitando apenas em fazer a greve.
Essa é uma questão que temos que discutir com a base. Quando tentamos fazer o Encontro Nacional de Base para discutirmos uma alternativa ao que os sindicatos estavam fazendo contra a categoria, passando por cima de todos e entregando uma pauta que ninguém sabia, ficamos surpresos ao ver que era quase unânime o apoio a nossa iniciativa, mas ninguém se dispunha a participar do Encontro.
Portanto, não só quando os pelegos da CUT estão fazendo as atividades é que a base se ausenta, mas também quando uma alternativa está sendo proposta a omissão é grande.
A experiência das greves anteriores e a decepção com a direção do movimento são os elementos mais importantes para o ceticismo e a ausência nos debates e fóruns do movimento.
Para que possamos dar a volta por cima e construir uma nova alternativa, que tenha força e que possa realmente suplantar a turma da CUT precisaremos da ampla participação da base para legitimar nosso movimento.
Essa é mais uma questão importante par nossos debates nos Encontros. Outra questão é sobre a unidade dos bancos públicos e privados, e também a unidade com os terceirizados, já que hoje o número de terceirizados é quase igual ao de bancários.
Nesta última greve se repetiu um processo comum, que foi a greve forte nos bancos públicos federais, com alguma força nos estaduais e muito fraca nos privados. O mesmo se dava em relação a presença nas assembléias.
Esse atraso na organização dos bancos privados também precisa ser debatido e a mobilização conjunta com mesas de negociação em separado é um dos temas a ser debatido.
Também o tema sobre a automação, internet e correspondentes bancários foram elementos que levaram a categoria a ficar um tanto cética por entender que o sistema financeiro continuava funcionando apesar da forte greve. Isso não foi bem assim, e a greve colocou em crise a direção do movimento, os banqueiros e o governo, colocando uma crise na flor da sociedade.
Com a greve não só os bancos tiveram prejuízo, como também foi questionada a política do governo em relação à política econômica que está vigendo no país.
Todas essas são questões importantes para ser ressalvados nos debates sobre a greve.

06 novembro, 2006

DA DIMENSÃO DOS CRIMES

Dia 5 de Novembro o tribunal fantoche de Bagdad, ao serviço dos invasores americanos, condenou Saddam Hussein à pena de morte por ter sido considerado responsável pelo massacre de 148 cidadãos iraquianos em 1982. Só entre 2003 e 2006 a ocupação do Iraque pelas tropas americanas & britânicas ceifou as vidas de 655 mil cidadãos iraquianos, segundo a avaliação da revista The Lancet . Por tamanho crime, autêntico genocídio, a que penas devem ser condenados Bush & Blair?

04 novembro, 2006

Sobre as brutalidades em Oaxaca

Estamos extremamente alarmados por ver que, ao invés de tomar medidas severas contra os violentos paramilitares que lançaram constantes ataques contra o povo de Oaxaca, o presidente Vicente Fox utiliza os assassinatos como pretexto para escalar a violência contra a organização de base do povo. Como companheiros trabalhadores da comunicação e como artistas, honramos a memória do jornalista independente, documentalista e respeitado activista Brad Will, que foi brutalmente assassinado enquanto filmava o movimento popular em Oaxaca. Junto com Brad, nesta última semana, morreram pelo menos outras seis pessoas às mãos de agentes do governo ilegítimo de Ulises Ruiz e das forças federais que agora ocupam Oaxaca, dentre elas Emilio Alonso Fabián (professor), José Alberto López Bernal (enfermeiro), Fidel Sánchez García (marceneiro) e Esteban Zurita López. Finalmente, em solidariedade com o povo de Oaxaca acrescentamos nossas vozes a estas exigências: 1. Ulises Ruiz fora de Oaxaca! 2. Retirada imediata de Oaxaca das forças federais de ocupação! 3. Liberdade imediata e incondicional de todos os detidos! 4. Justiça para todos os companheiros assassinados e castigo para todos os culpáveis em todos os niveles! 5. Justiça, liberdade e democracia para o povo de Oaxaca! Noam Chomsky, John Berger, Arundhati Roy, Antonio Negri, Naomi Klein, Howard Zinn, Eduardo Galeano, Alice Walker, Michael Moore, Tariq Ali, Mike Davis, John Pilger, Michael Hardt, Alessandra Moctezuma, Anthony Arnove, Bernadine Dohrn, Camilo Mejía, Roxanne Dunbar Ortiz, Daniel Berger, Danny Glover, David Graeber, Eve Ensler, Francis Fox Piven, Gloria Steinem, Gustavo Esteva, Jeremy Scahill, Mira Nair, Oscar Olivera, Roisin Davis, Starhawk e Wallace Shawn.
Mais informação sobre Oaxaca em http://www.ciranda.net/spip/mot30.html O original encontra-se em http://www.jornada.unam.mx/2006/11/02/007n3pol.php Este documento encontra-se em http://resistir.info/ .

A BARBÁRIE NEOLIBERAL NO MÉXICO

O governo do sr. Fox decretou a guerra contra o povo do estado de Oaxaca e as suas instituições. No momento em que se escreviam estas linhas era atacada a Rádio da Universidade, porta-voz da APPO (Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca). Um professor catedrático da Faculdade de Direito daquela universidade foi detido e enfiado aos empurrões para dentro de uma camioneta. O local foi invadido por helicópteros, tanquetas e tropas de choque, continuando operações de guerra contra o povo insurgido de Oaxaca que já provocaram vários mortos. Protestar contra os crimes em série dos neoliberais mexicanos é um dever. Aqui estão as coordenadas: Embaixada do México em Portugal Estrada de Monsanto, 78 1500-462 Lisboa Tel. 21 762 1290, Fax 21 762 0045 embamex.port@mail.telepac.pt