AGORA É GREVE!

Depois de várias rodadas de negociação entre agosto e setembro, é os bancos dizendo não para todas as nossas reivindicações, agora não tem mais jeito, AGORA É GREVE!

NÃO COMPENSE AS HORAS DA GREVE - BANCOS NÃO SÃO ENTIDADES FILANTRÓPICAS


GREVE É DIREITO, NAO É DELITO!

31 dezembro, 2006

Sonhos de ano novo

Sobre sonhos de ano novo
Passadas as festas de fim de ano, será a hora de ver o verdadeiro significado do “ano novo, vida nova”. Não estarão presentes no imaginário popular os sonhos de grandes mudanças no país. Muitas dessas esperanças perderam o brilho, morreram de inanição ou de “morte matada” nos quatro anos do governo Lula.

28 dezembro, 2006

18 novembro, 2006

ALGO ESTRANHO ACONTECE NOS CÉUS DO BRASIL

Em fins de outubro de 2006, alguma coisa estranha começou a acontecer nos céus do Brasil. Os aviões começaram a pousar atrasados nos aeroportos. Duas, três, quatro horas de atraso. Dezenas, centenas, milhares de vôos atrasados. Não sendo freqüentador de aeroportos, este escriba limitou-se a acompanhar as notícias a respeito desse fenômeno através de notas na televisão e na internet. Mas a princípio foi muito difícil entender o que estava acontecendo. Os aviões estavam atrasando? Atrasando por quê? Será que de repente começaram a ficar mais lentos? Que tipo de bizarra distorção das leis da física poderia provocar a lentidão repentina dos engenhos aeronáuticos? O ar no Brasil começou a ficar inexplicavelmente mais espesso? Os ÓVNIs abandonaram a prática das abduções individuais e partiram diretamente para os raios de tração sobre os aviões? Refratário a explicações não-científicas, este escriba partiu para outras possíveis respostas, mesmo assim sem muito sucesso. Será que o número de aviões multiplicou-se de maneira súbita e imprevisível? Da noite para o dia, o caos do trânsito nas metrópoles reproduziu-se no céu? Na cidade o trânsito às vezes pára por causa de um único carro com pneu furado em alguma avenida crucial para a circulação urbana. Mas como isso poderia acontecer com aviões, e simultaneamente em vários aeroportos do país? Em vão tentava-se entender o mistério do atraso dos aviões. Somente depois de várias semanas foi possível descobrir que não havia nenhum fenômeno místico se desdobrando no espaço aéreo brasileiro. Para fazer essa descoberta, foi preciso juntar os cacos de diversas informações fragmentadas. O que estava em curso era uma GREVE. Uma GREVE, com nome e sobrenome: operação padrão. Os controladores de vôo dos aeroportos começaram a cumprir os normativos. Passaram a trabalhar com o número correto de aeronaves que cada um deve acompanhar. E enquanto cada aeronave recebe o devido acompanhamento, as demais esperam. Enquanto esperam, precisam manter-se no ar. E isso provoca os atrasos. Elementar, meu caro Watson. Descoberta a verdade sobre o fenômeno, multiplicaram-se as interrogações: por que a mídia não pode pronunciar o nome (GREVE) da operação padrão dos controladores de vôo? E por que motivo a GREVE estalou neste preciso momento e não em outro? Em relação à mídia, trata-se de um sintoma do seu modo estrutural de funcionamento: apresentar os dados de maneira fragmentada, justapostos arbitrariamente sem nenhuma conexão orgânica. Dessa forma, o receptor da “informação” fica impossibilitado de entender o que está acontecendo, porque não pode ter a percepção de como os diversos fatos particulares, apresentados numa avalanche infindável, se articulam na totalidade do real. Sem entender a relação entre os fatos, o público receptor permanece passivo, esperando ansiosamente pela próxima “informação”. Para entender a GREVE dos controladores de vôo (e também a tentativa da mídia de não explicá-la) é preciso relacioná-la com o restante da realidade nacional. Os controladores de vôo fazem parte do quadro de pessoal da Aeronáutica. Estão sujeitos aos regulamentos militares. Portanto, estão proibidos de fazer GREVE. Uma GREVE no interior das Forças Armadas representa quebra de hierarquia. E a hierarquia é a própria essência do dispositivo militar, portanto não se pode admitir a sua ruptura. As Forças Armadas são a instituição fundamental do Estado burguês, pois através dela preserva-se pela força a ordem social capitalista que opõe hierarquicamente dominadores e dominados. Por isso a hierarquia em seu interior é tão fundamental. A mídia, que é outro dos pilares fundamentais do sistema, bate continência e proíbe a si mesma de pronunciar a satânica palavra proibida: GREVE. Além de prestar obediência servil ao princípio hierárquico, a mídia também tratou de desempenhar a tarefa na qual é especialista: desmoralizar a organização coletiva dos trabalhadores. Passaram a circular notícias de que somente 3% dos controladores de vôo falam inglês. Com isso, o público espectador passa a associar aos controladores a idéia de que são atrasados, incompetentes, desatualizados. Essa idéia converge com a ideologia contemporânea da globalização de que “todos precisam falar inglês para competir no mercado”, etc. Por meio dessa associação subliminar, o espectador cede à campanha da mídia de promoção da globalização e do mercado, ou seja, de privatização neoliberal e destruição da soberania nacional. O que explica a GREVE dos controladores de vôo não é o fato de que não “falam inglês”, mas o fato de que o Estado brasileiro está sendo sucateado para ser vendido aos pedaços para o capital estrangeiro. Um Estado sucateado como o do Brasil não contrata servidores públicos, nem mesmo para um setor estratégico como as Forças Armadas. Sem um número adequado de funcionários, os trabalhadores são obrigados a arcar com acúmulo de serviço. Um número pequeno de trabalhadores faz o serviço que caberia a uma quantidade muito maior. Cada controlador de vôo lida com muito mais aviões do que deveria. Quando a exploração da força de trabalho se torna inaceitável, os trabalhadores partem para a GREVE. Toda GREVE é mediada pelo estado concreto de consciência do setor do proletariado em movimento. No caso do setor em questão, o grau de consciência que produziu massa crítica para a GREVE foi proporcionado pela mediação do maior desastre aéreo da história brasileira: o choque entre o jato Legacy e o boeing da Gol que provocou a morte de 154 passageiros e tripulantes. As especulações subseqüentes ao desastre terminariam por jogar a culpa sobre os controladores de vôo. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. De um lado, o mentecapto Estado brasileiro não pode responsabilizar os pilotos estadunidenses, já que, como vassalos que somos, não podemos jamais desacatar a hierarquia da dominação imperial. (Imagine-se a situação inversa: pilotos brasileiros provocam a morte de centenas de cidadão estadunidenses. O desdobramento dessa hipótese é óbvio, os brasileiros jamais sairiam vivos do território estadunidense: linchamento, cadeira elétrica ou prisão perpétua. Já os pilotos estadunidenses...). De outro lado, também não se pode colocar a culpa numa eventual falha dos equipamentos do Legacy da Embraer, pois isso queimaria a imagem de uma empresa sólida, fundamental para a pauta de exportações brasileira. Essa hipótese, cogitada pela mídia brasileira, que nunca cogitou de culpar a Boeing, também teve de ser descartada (aliás, como é possível que, num choque entre uma aeronave de grande porte e uma de pequeno porte, a maior caia e a menor escape praticamente ilesa? Como se um ônibus e uma bicicleta colidissem, mas só o onibus se arrebentasse. Isso também não contraria as leis da física? Este escriba não acredita nas bruxas, mas que elas existem, existem...). As apurações ainda não encontraram um culpado conveniente. Logo, uma vez que os pilotos estadunidenses são naturalmente infalíveis, a culpa só poderia ser dos incompetentes controladores de vôo brasileiros. Óbvio. A culpa é nossa? GREVE!!! Operação padrão!!! E tome “atrasos nos vôos”!!! A operação padrão dos controladores de vôo deixa uma lição inestimável para todos nós trabalhadores. Há mais mistérios entre os céus do Brasil e a consciência dos trabalhadores do que sonha a filosofia mística da mídia vendida.

Daniel M. Delfino17/11/06

08 novembro, 2006

Campanha Salarial dos bancários 2006: Balanço e perspectivas

Introdução

Tivemos, mais uma vez, a greve da categoria encerrada com uma traição de sua direção. Só que com uma diferença em relação às anteriores, desta vez foi explicita a unidade do sindicato com o banco para acabar com a greve.
O processo de construção do movimento, desde o Encontro da Contraf/CUT, a entrega da pauta sem assembléias de base para sua aprovação, o Encontro de Base alternativo, o calendário da Oposição e a greve rebelada contra o Comando Nacional da Contraf/CUT, a construção do Comando de Base eleito nas assembléias e a falência do Comando Nacional da Contraf/CUT, são todos episódios de um processo que terminou com uma conclusão clara da categoria: No ano que vem é preciso um outro Comando de negociação e o fim da mesa única. Para isso avançar estamos propondo a construção de uma Associação Nacional dos Bancários.
Este documento, longe de ser uma resposta completa pretende apenas abrir o debate que temos que fazer para avançarmos na construção de uma direção alternativa da categoria. Uma direção que não apenas possa negociar as verdadeiras reivindicações dos bancários, mas, sobretudo levar adiante as lutas gerais que teremos que enfrentar no futuro próximo e também no cotidiano de nossa classe.
Conjuntura: Governo e patrões atacam, os trabalhadores lutam e as direções sindicais traem!

O balanço de nossa campanha salarial tem que ser localizado no processo mais geral que envolve a política que o governo vem aplicando, o processo eleitoral que estava em curso durante a campanha salarial, as lutas das demais categorias e o papel da CUT traindo essas lutas para defender o governo e sua política.
O governo Lula esteve aplicando direitinho toda a política do FMI, chegou a adiantar o pagamento da dívida externa (R$ 15 bi) para dizer que se livrou do FMI e fazer sua campanha dizendo que estava superando FHC na administração do país.
Acontece que os trabalhadores sabem que o nível de vida geral não mudou para melhor, ao contrário, a miséria vem crescendo junto com o arrocho salarial, a decadência da saúde, educação e transportes públicos, além do aumento das dividas externa e interna, da dependência externa do país e da desnacionalização da economia.
A CUT cumpriu o papel de fiel escudeiro do governo e ajudou o PT a promover mais ataques aos trabalhadores, bem como protegeu o governo dos escândalos de corrupção. Até as privatizações promovidas pelo governo, como o Banco do Maranhão e o Banco do Ceará, foram completamente ignoradas pela CUT, e a própria Contraf/CUT se limitou a fazer uma nota criticando os governos estudais pela privatização quando se sabia que os bancos estavam federalizados e sob responsabilidade direta de Lula.
Na campanha salarial os bancários sabiam que as eleições seriam um bom momento para a greve, mas a Contraf/CUT só marcou uma paralisação de 24 horas no finas de setembro, quando vários sindicatos já tinham indicativo de greve por tempo indeterminado, e mesmo assim, com uma greve nacional só marcaram a greve para depois do 1º turno dividindo a greve nacional da categoria.
Isso aconteceu a outras categorias como Correios, petroleiros, metalúrgicos e funcionalismo público federal, onde em todas essas campanhas salariais a CUT boicotou a vontade da base fazendo greves fragmentadas, assinou acordos rebaixados e traiu lutas importantes que poderiam estabelecer um patamar mais elevado para as categorias que estavam entrando em luta.
Todas essas categorias são dirigidas pela CUT em nível nacional, uma unificação dessas categorias com bancários e uma greve nacional de todos colocaria a questão dos salários em evidência, pois todos veriam que o arrocho salarial é comum ao conjunto dos trabalhadores, enquanto os patrões aumentam seus lucros anualmente. Essa é a essência da política do governo Lula.
No segundo mandato de Lula a situação irá piorar muito, pois há uma crise na economia mundial que está se aproximando. O Brasil está mais dependente do mercado internacional graças à política de exportação e com uma crise mundial nosso país será afetado em cheio.
Isso é o prenuncio de que as coisas não serão as mesmas que forma no primeiro mandato, mas piores. Além, disso há todo o debate sobre as Reformas que até o NY Times anunciou que é a “única saída” do governo Lula e que deverá ser encaminhada já no ano que vem.
Essas Reformas serão uma declaração de guerra para a classe trabalhadora, que sofrerá com golpes violentos nas retiradas de direitos políticos, sociais, sindicais e trabalhistas. As Reformas irão endurecer para o lado dos trabalhadores que quiserem fazer greve facilitando a vida dos sindicatos pelegos que poderão até assinar acordo sem autorização dos trabalhadores.
As leis trabalhistas serão flexibilizadas e quaisquer dos direitos hoje assegurados poderão ser ignorados nos acordos coletivos. Por exemplo: se os banqueiros quiserem deixar de pagar nos salários os sábados, domingos e feriados eles poderão fazer um acordo neste sentido impondo que se aceite o trabalho nos fins de semana e feriado como jornada normal. Se o sindicato aceitar, o acordo é valido e não há como questionar na justiça.
Por isso, a luta dos bancários no próximo período não poderá se restringir às campanhas salariais, mas deverão ser também contras essas Reformas e se dirigir contra a política do governo Lula exigindo uma política que valorize os trabalhadores e proteja seus direitos. Se depender da CUT isso nunca irá acontecer, e temos que fortalecer a construção de Oposições contra a CUT, impulsionar a organização de base independente dos sindicatos da CUT e fortalecer a CONLUTAS como alternativa de direção nacional para organizar a luta unificada das categorias.
Neste sentido temos a proposta de participarmos ativamente nas campanhas que a CONLUTAS irá organizar contra as Reformas, que são: Os seminários regionais que deverão acontecer ainda este ano, sobre as Reformas e o Encontro Nacional que ocorrerá em Março do ano que vem para discutir uma campanha nacional contra as Reformas. Esta é uma proposta que apresentamos para nossos Encontros regionais votarem.
A preparação da Campanha Salarial deste ano

Seguindo o ritual tradicional, a Contraf/CUT convocou assembléias nas bases dos sindicatos para eleger os delegados ao Encontro Nacional que votaria a pauta de reivindicações e a mesa única da Fenaban.
No Encontro, ocorrido em São Paulo, havia uma presença de 90 % de dirigentes sindicais da CUT, que começou com o candidato Aloísio Mercadante e terminou com o plenário rachando e uma parte se retirando por conta de uma resolução que a Contraf/CUT queria votar de apoio à candidatura de Lula. Era o prenúncio do que estava para acontecer na campanha salarial.
As resoluções aprovadas lá, mais uma vez, desapontavam a categoria porque tinham o mesmo conteúdo de outras vezes, uma proposta rebaixada que não atendia aos interesses da categoria, particularmente aos bancos públicos.
O Comando Nacional foi montado de forma biônica, com indicação das federações e sem nenhum debate nas bases. Mas o pior estava por vir, depois de muitos anos da derrubada dos pelegos dos sindicatos, nós voltamos a ver uma postura das mais odiosas pela categoria.
Os sindicatos não chamaram assembléias para que a base decidisse sobre a pauta elabora no Encontro Nacional, e a Contraf/CUT enviou para os banqueiros a pauta sem consultar as bases. Com a conivência dos sindicatos foi dado um grande golpe na democracia do movimento e isso era mais um prenúncio do que estava por vir.
As traições da Contraf/CUT

Desde que se iniciou era Lula, a categoria tem feito grandes greves que fogem ao controle dos sindicatos e desafiam os limites estabelecidos pela tróica sindicato-banqueiros-governo. Isso tem se repetido nos últimos quatro anos, ora com mais força ora com mais “calma”, como foi a greve deste ano que se mostrou tranqüila, mas muito forte.
E se de um lado a categoria vem realizando essas lutas incríveis, do outro a direção do movimento vem tentando derrotar os bancários para desmoralizar o movimento e colocá-lo sob seu controle. O fato é que a cada ano a traição fica maior e mais descarada.
O desenrolar da campanha salarial deste ano fez a categoria assistir ao ressurgimento dos métodos pelegos em todos os aspectos.
Primeiro foi com relação ao calendário, pois o Comando Nacional da Contraf/CUT tinha a clara intenção de só fazer algum movimento após o primeiro turno das eleições. Naquele momento Lula estava com um índice muito alto nas pesquisas e todos davam como certo sua reeleição no 1º turno.
A CUT estava claramente fazendo campanha para o Lula, bastava entrar no sitio daquela central e ver explicito o apoio ao governo. Também nos sindicatos ligados àquela central eram correntes as propagandas nos materiais informativos das entidades, inclusive enviando correspondências às casas dos sócios dos sindicatos.
Mas não era na propaganda que se limitava o apoio, nas greves que estavam sendo construídas os trabalhadores viam seus sindicatos fazerem de tudo contra a categoria que estava em luta.
Foi assim que a categoria sentindo que antes das eleições poderia fazer uma greve e conquistar, com mais facilidade, um bom acordo. Começou uma greve antes das eleições, dia 26/09, que se alastrou e se tornou realidade na esmagadora maioria do país.
Enquanto isso, o Comando Nacional mantinha sua orientação de só se fazer uma assembléia em 04/10 para discutir o que fazer. Nos sítios da Contra/CUT e dos sindicatos cutistas não se falava nada sobre a greve em outros estados, enquanto toda a categoria já sabia que isso estava ocorrendo.
Em alguns sindicatos foram feitos abaixo assinados para assembléia como em São Paulo onde a Oposição fez dois abaixo assinados. Em alguns lugares a diretoria se recusou a receber o abaixo assinado, como em Fortaleza onde a diretoria fechou a porta, apagou a luz e fingiu que não tinha ninguém para receber o abaixo assinado.
Em outros lugares, como Curitiba, a diretoria gastou quase todo o tempo da assembléia atacando os bancários que fizeram o abaixo assinado, e elogiou o Comando Nacional que ignorava a greve da categoria.
Estes episódios demonstram bem o grau de degeneração dessa direção da CUT e como o movimento sofre para superar os problemas e enfrentar os patrões.
Com o advento do 2º turno era evidente que o governo ficou preocupado com a greve nacional e buscava um acordo par acabar com a greve. Havia condições de se alcançar uma proposta para o BB e a CEF que poderia ser referência para toda a categoria.
Mais uma vez ficou patente que a política de mesa única representa uma contrariedade aos interesses dos bancários dos bancos públicos federais. Enquanto o governo tinha essa disposição a Contraf/CUT segurava as negociações esperando que os banqueiros oferecessem alguma coisa mais próxima do BB e da CEF para poderem fechar um acordo junto na mesa única.
Para fazer uma proposta mais próxima da realidade da Fenaban, a CEF e o BB fizeram uma proposta aquém do que poderiam dar e muito mais aquém da greve que estava ocorrendo.
Por outro lado, é preciso deixar claro que a Contraf/CUT estava tramando uma derrota para os que saíram em greve “sem sua autorização”, e esperavam fechar o acordo rápido sem se preocupar com os dias parados. Foi em São Paulo que isso ficou bem claro quando a Oposição propôs que não se aceitasse um acordo sem a anistia dos dias parados e o sindicato enrolou muito para votar isso votando depois por unanimidade, e no dia seguinte defendeu assinar um acordo sem a anistia dos dias parados.
A greve estava muito forte e elles tentavam todo o tempo acabar com o movimento boicotando os piquetes e esperando as assembléias mais fracas para desmoralizar a categoria. Quando veio a proposta elles acreditavam que poderiam acabar com a greve e foram para as assembléias, em todo o país, para defendê-la e votar o fim do movimento.
Foram surpreendidos com a categoria que se recusou a aceitar o rebaixado acordo e votou pela continuidade da greve. Todos sabiam que era possível conquistar uma proposta melhor.
E foi então que a categoria assistiu al golpe mais baixo que se viu nos últimos tempos. A CEF e o BB orientavam claramente os gerentes e fura greves a irem para as assembléias, enquanto os sindicatos ficavam em silêncio e nem avisam direito a categoria sobre a assembléia e a votação, de novo, da mesma proposta já rejeitada.
Imaginem que uma assembléia, sem novidades em termos de proposta, ocorrendo nas vésperas de um feriado e com a categoria desinformada sobre o que se votaria na assembléia, não seria uma assembléia representativa dos que estavam em greve. Mas, a presença dos fura greves foi um elemento que desequilibrou de vez e colocaria um fim ao movimento.
Os sindicatos poderiam se recuar a colocar em votação a proposta já rejeitada, não só pelo fato de que a presença maior era de fura greves, como pelo fato de que não se havia novidades em termos de propostas e a greve se mantinha muito forte em todo o país. Mas, os sindicatos não vacilaram em se unir aos gerentes e fura greve e acabar com a greve.
Um golpe que causou indignação em todos que estavam presentes nas assembléias pela traição descarada dos sindicatos. Ainda que os gerentes e furta greves estivessem a mando da direção do banco eles foram apenas usados, mas era realmente os sindicatos quem estavam cometendo a maior traição.
A rebelião das bases

O questionamento dos bancários à sua direção não foi explosivo como em 2004, ao contrário, foi silencioso. A categoria ficava revoltada com as notícias que ouvia sobre o que a Contraf/CUT estava fazendo, mas não reagia.
O MNOB defendeu sozinho, nas assembléias de todo o país, contra a mesa única e por uma política de reposição de perdas que garantisse uma melhora significativa dos salários. Também defendíamos priorizar as negociações específicas para conquistar a isonomia, a jornada de seis horas sem redução dos salários e um novo PCC/PCS nos bancos públicos.
Quando a Contraf/CUT entregou a pauta sem assembléias de base, o MNOB fez um movimento de chamar um Encontro Nacional de Base que votasse uma outra pauta de reivindicações, sem a mesa única e um calendário de luta que apontava um dia de luta em 05/09.
Ao fazermos o dia de luta, vários delegados sindicais do RS perceberam que era possível construir uma mobilização mesmo sem a orientação da Contraf/CUT e foi aí que começou o processo de mobilização por fora do controle delles.
Um calendário foi votado por eles apontando uma paralisação de 24 horas e uma data indicativa de greve por tempo indeterminado a partir de 21/09. Isso foi gerando um debate em nível nacional e logo vários sindicatos tiveram um novo calendário que apontava para começar a greve em 26/09.
Até aí o Comando Nacional nem falava em greve, o que só veio a ocorrer depois das eleições gerais no país.
Com a greve que estava acontecendo em todo o país e o silêncio do Comando Nacional, boicotando claramente a greve, as bases começaram a se insurgir e eleger representantes de base para o Comando Nacional. Foram cinco sindicatos que tiveram essa iniciativa: Bauru, RN, MA, BA e Florianópolis.
Depois desses ouve outros representantes eleitos em Porto Alegre, Rio de Janeiro e em São Paulo, onde na assembléia da CEF a diretoria abandonou a assembléia para não reconhecer a eleição do representante de base.
Esses representantes procuraram o Comando Nacional da Contraf/CUT e não foram atendidos, pois o que lhes foi dito era que eles não poderiam representar a categoria nacional por não ter esse mandato.
Isso levou a que os representantes de Base formassem um novo Comando de Base e protocolasse um pedido de negociação na Fenaban, no BB e na CEF. Foi então que se descobriu o real entrosamento dos sindicatos com as direções dos bancos, pois a resposta no BB foi categórica: “Se vocês quiserem negociar ou ficam na mesa da Contraf/CUT ou na mesa da Contec.”
Ali ficou explicito que não existe livre negociação, não se respeita a autonomia das bases e que só se pode negociar com as Confederações, uma que é amiga e cúmplice e a outra porque é oficial.
Infelizmente a greve já estava no fim e não foi possível forçar a negociação nos bancos com o Comando de Base, mas essa experiência nos deixou claro a necessidade de discutirmos um outro aspecto da mesa de negociação antes mesmo de discutir a greve: Quem negocia em nome dos trabalhadores.
A rebelião das bases

O questionamento dos bancários à sua direção não foi explosivo como em 2004, ao contrário, foi silencioso. A categoria ficava revoltada com as notícias que ouvia sobre o que a Contraf/CUT estava fazendo, mas não reagia.
O MNOB defendeu sozinho, nas assembléias de todo o país, contra a mesa única e por uma política de reposição de perdas que garantisse uma melhora significativa dos salários. Também defendíamos priorizar as negociações específicas para conquistar a isonomia, a jornada de seis horas sem redução dos salários e um novo PCC/PCS nos bancos públicos.
Quando a Contraf/CUT entregou a pauta sem assembléias de base, o MNOB fez um movimento de chamar um Encontro Nacional de Base que votasse uma outra pauta de reivindicações, sem a mesa única e um calendário de luta que apontava um dia de luta em 05/09.
Ao fazermos o dia de luta, vários delegados sindicais do RS perceberam que era possível construir uma mobilização mesmo sem a orientação da Contraf/CUT e foi aí que começou o processo de mobilização por fora do controle delles.
Um calendário foi votado por eles apontando uma paralisação de 24 horas e uma data indicativa de greve por tempo indeterminado a partir de 21/09. Isso foi gerando um debate em nível nacional e logo vários sindicatos tiveram um novo calendário que apontava para começar a greve em 26/09.
Até aí o Comando Nacional nem falava em greve, o que só veio a ocorrer depois das eleições gerais no país.
Com a greve que estava acontecendo em todo o país e o silêncio do Comando Nacional, boicotando claramente a greve, as bases começaram a se insurgir e eleger representantes de base para o Comando Nacional. Foram cinco sindicatos que tiveram essa iniciativa: Bauru, RN, MA, BA e Florianópolis.
Depois desses ouve outros representantes eleitos em Porto Alegre, Rio de Janeiro e em São Paulo, onde na assembléia da CEF a diretoria abandonou a assembléia para não reconhecer a eleição do representante de base.
Esses representantes procuraram o Comando Nacional da Contraf/CUT e não foram atendidos, pois o que lhes foi dito era que eles não poderiam representar a categoria nacional por não ter esse mandato.
Isso levou a que os representantes de Base formassem um novo Comando de Base e protocolasse um pedido de negociação na Fenaban, no BB e na CEF. Foi então que se descobriu o real entrosamento dos sindicatos com as direções dos bancos, pois a resposta no BB foi categórica: “Se vocês quiserem negociar ou ficam na mesa da Contraf/CUT ou na mesa da Contec.”
Ali ficou explicito que não existe livre negociação, não se respeita a autonomia das bases e que só se pode negociar com as Confederações, uma que é amiga e cúmplice e a outra porque é oficial.
Infelizmente a greve já estava no fim e não foi possível forçar a negociação nos bancos com o Comando de Base, mas essa experiência nos deixou claro a necessidade de discutirmos um outro aspecto da mesa de negociação antes mesmo de discutir a greve: Quem negocia em nome dos trabalhadores.
A derrota da Contraf/CUT

Nesta campanha os trabalhadores deram uma lição na direção nacional e nos sindicatos que se aliaram à Contraf/CUT.
Primeiro foi com relação ao calendário que foi desrespeitado pela base e a categoria saiu de greve quando quis, depois quando foi para terminar e a Contraf/CUT defendia o fim da greve, mas a categoria se recusou a aceitar a proposta rebaixada e continuo em greve.
Depois foi a estratégia de mesa única, que com a greve e a situação do segundo turno levou o governo a puxar um acordo na mesa do BB e da CEF, mostrando a todos que a política de mesa única realmente não serve para os bancários, em particular para os bancos federais.
Finalmente, quando sai a proposta rebaixada e a Contraf/CUT insiste em defender a proposta para acabar com a greve e abre uma crise no Comando Nacional que acaba por não definir nenhuma posição. Era o triste fim e falência do Comando Nacional da Contraf/CUT.
A luta da categoria fez desmoronar o castelo da CUT e derrubou todos os obstáculos que essa direção colocou no caminho e só foi parar quando a turma da CUT se juntou ao patrão para derrotar a categoria.
A necessidade de uma alternativa para a próxima campanha

Essa campanha salarial acabou com um golpe da direção do movimento se juntando à direção do BB e da CEF votar nas assembléias o fim da greve. Depois de tantas traições, o fim da greve ficou como um gosto amargo na garganta da categoria que não queira o seu fim, mas também ficou como uma lição de que é preciso construir uma outra direção para o movimento.
Portanto, para as próximas campanhas salariais além da greve a categoria sabe que é preciso discutir o problema da direção da campanha. Isso é o que precisamos discutir neste momento.
O MNOB está chamando todos os que fizeram greve e foram contrários ao Comando Nacional da Contraf/CUT, para se construir uma alternativa de direção para negociar no ano que vem em nome dos trabalhadores.
Essa alternativa tem que ser democrática e de luta, estar a disposição da defesa dos direitos dos trabalhadores, respeitando a vontade soberana da maioria da base. Também é importante que essa alternativa seja independente de partidos e governos, tendo como objetivo a vitória das lutas da categoria.
Nossa proposta é a construção de uma Associação Nacional que organize essas lutas da categoria. Para as próximas campanhas salariais e para as lutas que virão contras as Reformas do governo precisaremos nos organizar por fora das entidades dirigidas pela CUT que não vão fazer a mobilização dos trabalhadores serem vitoriosas.
Essa proposta de Associação não está acabada, ao contrário, queremos começar essa discussão na base sem uma proposta pronta. As ansiedades dos companheiros que já querem algo pronto tem que ser contidas porque o processo tem que ser o resultado de um debate na base.
Também queremos discutir com os sindicatos que criticaram a Contraf/CUT e que se disseram contrários a toda a política que foi ditada para esta campanha salarial, que agora sejam coerentes e construam um novo Comando Nacional de Negociação, com representantes eleitos na base, em assembléias da categoria. Essa experiência, inclusive, pode avançar e construir uma Federação dos sindicatos que sejam independentes da Contraf/CUT. Uma experiência coerente deste processo foi feito pelo sindicato de Bauru, que não só elegeu seu representante para o Comando de Base, como discutiu na assembléia da categoria que não iriam entregar para a Contraf/CUT a procuração do sindicato para que eles assinassem o acordo, o Sindicato de Bauru decidiu que ele próprio é quem assinaria o acordo e assim o fez.
Ficamos sabendo também que o sindicato de Santa Maria, no RS, não assinou o acordo e estava sem a PLR do BB resistindo contra o acordo rebaixado.
As possibilidades são muitas e precisamos avançar nas discussões com a categoria em nível nacional. Só um amplo debate na base é que poderá garantir a construção dessas alternativas.
Para isso, a idéia é realizar ainda neste final de ano Encontros Regionais que façam o debates sobre essas alternativas e construam um projeto de Associação Nacional dos Bancários.
No ano que vem, antes da campanha salarial, deveremos estar realizando um Encontro Nacional que vote a fundação da Associação Nacional dos Bancários. Temos a proposta do seguinte calendário para os Encontros Regionais:

Nordeste: Todo o Nordeste se reúnem em Natal 02/12; Centro-Oeste: Se reúnem em Brasília 09/12;
Norte: Se reúnem em Belém 02/12; Minas e RJ: Reúnem no Rio dia 25/11; São Paulo: capital e interior, se reúne no dia 25/11 na capital; PR e SC: Se reúnem em Floripa no dia 02/12; RS: capital e interior se reúnem em Porto Alegre no dia 09/12;

Nestes encontros ainda precisaremos debater a mobilização contra as Reformas do governo Lula e como nos engajarmos na luta que a CONLUTAS vai organizar junto as diversas categorias.
Ainda sobre a greve

Apesar de muito forte, esta greve foi silenciosa, com uma fraca participação da categoria nas assembléias e piquetes. Isso foi um dos motivos que facilitou para os sindicatos da CUT desmontar greve colocando gerentes dentro dos sindicatos.
A base colocou o tempo todo de que não queria ir ao sindicato porque não queria ouvir os dirigentes e suas mentiras e manobras, não queriam se aborrecer. Também não queriam fazer piquetes porque estavam decepcionados com as greves passadas e não se dispunham a militar nesta greve, se limitando apenas em fazer a greve.
Essa é uma questão que temos que discutir com a base. Quando tentamos fazer o Encontro Nacional de Base para discutirmos uma alternativa ao que os sindicatos estavam fazendo contra a categoria, passando por cima de todos e entregando uma pauta que ninguém sabia, ficamos surpresos ao ver que era quase unânime o apoio a nossa iniciativa, mas ninguém se dispunha a participar do Encontro.
Portanto, não só quando os pelegos da CUT estão fazendo as atividades é que a base se ausenta, mas também quando uma alternativa está sendo proposta a omissão é grande.
A experiência das greves anteriores e a decepção com a direção do movimento são os elementos mais importantes para o ceticismo e a ausência nos debates e fóruns do movimento.
Para que possamos dar a volta por cima e construir uma nova alternativa, que tenha força e que possa realmente suplantar a turma da CUT precisaremos da ampla participação da base para legitimar nosso movimento.
Essa é mais uma questão importante par nossos debates nos Encontros. Outra questão é sobre a unidade dos bancos públicos e privados, e também a unidade com os terceirizados, já que hoje o número de terceirizados é quase igual ao de bancários.
Nesta última greve se repetiu um processo comum, que foi a greve forte nos bancos públicos federais, com alguma força nos estaduais e muito fraca nos privados. O mesmo se dava em relação a presença nas assembléias.
Esse atraso na organização dos bancos privados também precisa ser debatido e a mobilização conjunta com mesas de negociação em separado é um dos temas a ser debatido.
Também o tema sobre a automação, internet e correspondentes bancários foram elementos que levaram a categoria a ficar um tanto cética por entender que o sistema financeiro continuava funcionando apesar da forte greve. Isso não foi bem assim, e a greve colocou em crise a direção do movimento, os banqueiros e o governo, colocando uma crise na flor da sociedade.
Com a greve não só os bancos tiveram prejuízo, como também foi questionada a política do governo em relação à política econômica que está vigendo no país.
Todas essas são questões importantes para ser ressalvados nos debates sobre a greve.

06 novembro, 2006

DA DIMENSÃO DOS CRIMES

Dia 5 de Novembro o tribunal fantoche de Bagdad, ao serviço dos invasores americanos, condenou Saddam Hussein à pena de morte por ter sido considerado responsável pelo massacre de 148 cidadãos iraquianos em 1982. Só entre 2003 e 2006 a ocupação do Iraque pelas tropas americanas & britânicas ceifou as vidas de 655 mil cidadãos iraquianos, segundo a avaliação da revista The Lancet . Por tamanho crime, autêntico genocídio, a que penas devem ser condenados Bush & Blair?

04 novembro, 2006

Sobre as brutalidades em Oaxaca

Estamos extremamente alarmados por ver que, ao invés de tomar medidas severas contra os violentos paramilitares que lançaram constantes ataques contra o povo de Oaxaca, o presidente Vicente Fox utiliza os assassinatos como pretexto para escalar a violência contra a organização de base do povo. Como companheiros trabalhadores da comunicação e como artistas, honramos a memória do jornalista independente, documentalista e respeitado activista Brad Will, que foi brutalmente assassinado enquanto filmava o movimento popular em Oaxaca. Junto com Brad, nesta última semana, morreram pelo menos outras seis pessoas às mãos de agentes do governo ilegítimo de Ulises Ruiz e das forças federais que agora ocupam Oaxaca, dentre elas Emilio Alonso Fabián (professor), José Alberto López Bernal (enfermeiro), Fidel Sánchez García (marceneiro) e Esteban Zurita López. Finalmente, em solidariedade com o povo de Oaxaca acrescentamos nossas vozes a estas exigências: 1. Ulises Ruiz fora de Oaxaca! 2. Retirada imediata de Oaxaca das forças federais de ocupação! 3. Liberdade imediata e incondicional de todos os detidos! 4. Justiça para todos os companheiros assassinados e castigo para todos os culpáveis em todos os niveles! 5. Justiça, liberdade e democracia para o povo de Oaxaca! Noam Chomsky, John Berger, Arundhati Roy, Antonio Negri, Naomi Klein, Howard Zinn, Eduardo Galeano, Alice Walker, Michael Moore, Tariq Ali, Mike Davis, John Pilger, Michael Hardt, Alessandra Moctezuma, Anthony Arnove, Bernadine Dohrn, Camilo Mejía, Roxanne Dunbar Ortiz, Daniel Berger, Danny Glover, David Graeber, Eve Ensler, Francis Fox Piven, Gloria Steinem, Gustavo Esteva, Jeremy Scahill, Mira Nair, Oscar Olivera, Roisin Davis, Starhawk e Wallace Shawn.
Mais informação sobre Oaxaca em http://www.ciranda.net/spip/mot30.html O original encontra-se em http://www.jornada.unam.mx/2006/11/02/007n3pol.php Este documento encontra-se em http://resistir.info/ .

A BARBÁRIE NEOLIBERAL NO MÉXICO

O governo do sr. Fox decretou a guerra contra o povo do estado de Oaxaca e as suas instituições. No momento em que se escreviam estas linhas era atacada a Rádio da Universidade, porta-voz da APPO (Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca). Um professor catedrático da Faculdade de Direito daquela universidade foi detido e enfiado aos empurrões para dentro de uma camioneta. O local foi invadido por helicópteros, tanquetas e tropas de choque, continuando operações de guerra contra o povo insurgido de Oaxaca que já provocaram vários mortos. Protestar contra os crimes em série dos neoliberais mexicanos é um dever. Aqui estão as coordenadas: Embaixada do México em Portugal Estrada de Monsanto, 78 1500-462 Lisboa Tel. 21 762 1290, Fax 21 762 0045 embamex.port@mail.telepac.pt

25 outubro, 2006

Justiça garante reembolso dos dias cortados no Banestes

24/10/2006
(Vitória) O Sindicato do Espírito Santo conseguiu na Justiça garantir o reembolso dos dois dias de greve no mês setembro que foram descontados pelo Banestes dos salários dos funcionários. A ordem judicial foi recebida na tarde desta terça-feira, 24, pelo presidente do banco, Roberto da Cunha Penedo, que tem prazo de 48 horas para fazer o pagamento dos dois dias em folha complementar.

Também nesse prazo o banco fica obrigado a fazer o desconto da mensalidade sindical nos salários dos filiados ao Sindicato. A multa em caso de descumprimento da ordem judicial é de R$ 500,00 por trabalhador por dia.

A decisão favorável aos bancários foi da juíza da 12º Vara do Trabalho de Vitória, Roberta Guimarães. Ela acatou os argumentos do Sindicato, considerando que o banco não pode efetuar descontos dos dias de greve sem que essa decisão seja fruto de acordo ou decisão judicial.

"Considerando-se que, após sucessiva evolução, o ato de greve passou a ser considerado um direito do trabalhador, não se concebe que o exercício legítimo de um direito implique na correlata supressão de vantagem trabalhista", disse a juíza.

A ação do Sindicato foi baseada na Lei de Greve (7783/89) que em seu artigo 7 estabelece que os descontos não podem ser feitos de maneira arbitrária pelo empregador.

Retomada das negociações
O Sindicato dos Bancários protocolou na manhã de segunda-feira, 23, no Banestes, o ofício que pede a retomada das negociações da Campanha Salarial 2006.

No mesmo dia, o presidente do Banestes, Roberto Penedo, confirmou o recebimento do documento e informou que marcaria a negociação. Até a tarde desta terça-feira a reunião não havia sido marcada.

Fonte: Seeb ES

11 outubro, 2006

RESULTADO DAS ASSEMBLÉIAS DOS SINDICATOS ESTADUAIS E/OU DE CAPITAIS

10/10/2006

APROVARAM AS PROPOSTAS
CEARÁ
CURITIBA
MATO GROSSO
RONDÔNIA

APROVARAM A PROPOSTA DA FENABAN
SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
ALAGOAS
RIO GRANDE DO NORTE

NÃO APROVARAM NENHUMA PROPOSTA
BELO HORIZONTE
BRASÍLIA
BAHIA
PERNAMBUCO
AMAPÁ
CAMPO GRANDE
ESPÍRITO SANTO
FLORIANÓPOLIS
MARANHÃO
PARÁ
PARAÍBA
PIAUÍ
RORAIMASERGIPE

REALIZA ASSEMBLÉIA NA QUARTA
ACRE
PORTO ALEGRE (SÓ PRIVADOS; BB E CAIXA JÁ REJEITOU)

18 setembro, 2006

FAÇAMOS NÓS, POR NOSSAS MÃOS, TUDO QUE A NÓS DIZ RESPEITO

É com muita tristeza que vejo o movimento sindical trilhar o caminho que está trilhando atualmente, um caminho de frouxidão no trato da defesa de seus representados e, com mais tristeza ainda vejo a ingenuidade dos trabalhadores, inocentes perante as manobras políticas dos sindicalistas, com o objetivo de enfraquecer o poder de organização e luta dos trabalhadores em defesa de seus direitos perante os patrões e o estado capitalista. Não digo nem dos direitos trabalhistas conquistados com muita luta no passado, mas dos seus próprios direitos de seres humanos que são. Alienados em relação às mazelas do poder superestrutural, muitos trabalhadores acabam preferindo resignar-se diante do que lhes parece tão difícil mudar por estar tão distante de sua percepção, o que faz com que o poder de luta dos trabalhadores perca muito de sua força e, conseqüentemente as conquistas ou até mesmo, minimamente, a preservação de direitos fiquem ameaçados.

Apesar de entender o desânimo dos trabalhadores diante de tanta traição dos nossos sindicalistas, das encenações que eles chamam de negociações, não posso deixar de dizer aos colegas trabalhadores que a nossa atitude diante de tudo isso não pode ser o passivismo e muito menos o conformismo, pois isso é mais perigoso do que o próprio descaminho dos nossos representantes, pois prejudica extensivamente os próprios trabalhadores, seus familiares e fatalmente o futuro de toda a humanidade fica comprometido. O passivismo dos trabalhadores só pode levar à vitória da injustiça social generalizada e à completa barbárie e, tenho certeza absoluta que não é isso que queremos para nós e para nossos filhos, netos, bisnetos... Portanto, nós, que passamos nosso período que nos é dado viver nessa terra não temos o direito de achar que a história é imutável, que os trabalhadores não podem mudar nada, que a política superestrutural seja a única responsável pelas mudanças de rumo da sociedade; na verdade, essa ruma no sentido contrário às nossas necessidades. Os trabalhadores têm tamanho poder (embora eles próprios desconheçam), que podem destruir e reconstruir a estrutura social, tanto podem produzir e fazer desenvolver esse capitalismo cruel como pode parar de produzir e inviabilizar esse sistema forçando a um acerto de rumo para uma sociedade mais justa, e, se navegar é preciso, também é necessário tomarmos o controle do timão dessa embarcação das mãos da pequena minoria de gananciosos que a faz navegar somente no rumo de seus mesquinhos interesses.

07 setembro, 2006

Caixa decepciona na primeira rodada de negociação

06/09/2006


Fonte: Contraf-CUT, com informações da FenaeTerminou sem avanços a primeira rodada de negociações entre a Contraf-CUT e a direção da Caixa Federal, realizada nesta quarta-feira, dia 6. A empresa informou que ainda está estudando as propostas encaminhadas pela Comissão Executiva de Empregados (CEE-Caixa) e que só dará uma reposta quando fizer uma análise global das reivindicações. A pauta complementar dos bancários da Caixa foi entregue para a direção do banco em 17 de agosto.

Nova rodada de negociações com a Caixa ficou pré-agendada para 20 de setembro, data que ainda precisa ser confirmada.

02 setembro, 2006

A população é saqueada pelo sistema capitalista e nem percebe

Se um correntista tivesse depositado R$ 100,00 (Cem Reais) na poupanca num banco, no dia 1o de julho de 1994 (data de lancamento do real), ele teria hoje na conta a fantastica quantia de R$ 374,00 (Trezentos Setenta e Quatro Reais). Se esse mesmo correntista tivesse sacado R$ 100,00 (Cem Reais) no Cheque Especial, na mesma data, teria hoje uma divida de R$ 139.259,00 (Cento e Trinta e Nove Mil e Duzentos Cinquenta e Nove Reais), no mesmo banco. Ou seja: com R$ 100,00 do Cheque Especial, ele ficaria devendo 9 Carros populares, e com o da poupanca, conseguiria comprar apenas 4 Pneus. Nao e a toa que o Bradesco teve R$ 3.100.000.000,00 (Três Bilhoes e Cem Milhões de Reais) de lucro liquido somente no 1o semestre de 2006, seguido de perto do Itau e etc... Da para comprar um outro banco por semestre! E os Juros Exorbitantes dos cartoes de credito? VISA cobra 10,40 % ao Mês, CREDICARD cobra 11,40 % ao Mes. Em contrapartida a POUPANCA oferece 0,79 % ao Mes. FIQUE DE OLHO!

18 julho, 2006

Um milhão e trezentos mil reféns

"UM PAÍS QUE AGE ASSIM, NÃO PASSA DE UM PAÍS TERRORISTA"

-As tropas nazistas na França costumavam tomar reféns e executar, em média, 50 deles para cada alemão morto.
Israel aprendeu a lição e superou seus mestres. Toda a população da Palestina – 1 milhão e 300 mil pessoas – são reféns, punidos indiscriminadamente pelas ações dos terroristas.
Qualquer um pode ser alvejado ou ter sua casa destruída por mísseis. Basta estar perto dosalvos da retaliação judaica.
A reação israelense vem sendo desproporcional. Em 2006, suas forças lançaram 8.500 mísseis contra Gaza, matando 90 palestinos, a maioria civis (diversas crianças), e ferindo 200, contra apenas 900 foguetes disparados pelos rebeldes. Foguetes feitos em casa, de pouca eficiência, pois não fizeram uma única vítima judaica. Mas não vem ao caso, conforme o primeiro-ministro Ehud Olmert: "As vidas e o bem-estar dos residentes de Sderot são mais importantes do que a morte de dezenas de palestinos inocentes" (Associated Press). Essa rotina tornou-se agora mais dramática.
No começo do mês, uma lancha militar israelense, vingando mais um inócuo ataque de foguetes domésticos, disparou mísseis contra uma praia e assassinou 8 pessoas, inclusive uma família que fazia um piquenique.Em resposta, um comando palestino independente atacou um posto militar, matando dois soldados e raptando um cabo. Para soltá-lo, exigiu a libertação de todas as mulheres e menores de idade presos em Israel.
Como sempre, a reação foi violentíssima. Aviões destruíram pontes, agências do Correio, parte da Universidade Islâmica e a principal usina elétrica de Gaza. A população foi severamente punida. Sem energia, os hospitais não podem realizar operações, ameaçando a vida de muitos doentes. As estações de bombeamento de água também não podem funcionar. 750.000 palestinos estão sem água, nem eletricidade. E isso por 6 meses -o previsto para as reparações.
Todos os 20 mil habitantes da região onde estaria o soldado israelense raptado foram evacuados. Expulsos de suas casas para bem longe, encontraram uma cidadefantasma na volta
Mas o governo Olmert foi além. Sua força aérea bombardeou edifícios do Ministério do Interior, postos policiais e o próprio escritório do primeiro-ministro.
Mais grave, ainda, tropas do exército prenderam 8 ministros do governo palestino, 30 congressistas e 30 assessores. Nestas ações, Israel violou a torto e a direito as leis internacionais. O ministro das Relações Exteriores da Suíça acusou: "Ações das forças israelenses na sua ofensiva contra a faixa de Gaza violaram o princípio da proporcionalidade…e devem ser vistas como formas de punição coletiva, o que é proibido. Não há dúvida de que Israel não tomou as necessárias precauções requeridas pela lei internacional para proteger a população civil". Para John Dugard, observador de direitos humanos da ONU, Israel desrespeitou a maioria das normas da lei internacional de direitos humanos.
Mas o Conselho de Segurança da ONU, pressionado pelos Estados Unidos, omitiu-se. O Grupo dos 8 declarou-se "preocupado" com a situação, urgindo as partes à moderação... Os americanos repetiram o refrão "Israel tem o direito de se defender", ignorando que isso tem limites. Punições coletivas são expressamente proibidas pela Convenção de Genebra. Israel não costuma dar importância a essas proibições, mas, desta vez, exagerou. Será que Olmert foi tão longe somente para libertar um cabo? Não parece.Seu governo já declarou que não soltará as autoridades palestinas seqüestradas mesmo que o soldado seja entregue. Serão processados por supostos envolvimentos com o terrorismo.É atitude de quem busca a guerra, não a boa vontade da outra parte. A prisão, além de contrariar frontalmente o direito internacional, é injusta, pois os dirigentes do Hamas não foram responsáveis pelo seqüestro do soldado. Os autores são grupos radicais que não obedecem a ninguém. Claro, depois dos ataques a Gaza, o Hamas passou a apoiá-los.Tudo indica que o verdadeiro objetivo de Olmert é desestabilizar o governo do Hamas. Esse governo não concorda com sua proposta de um Estado palestino sem os assentamentos judaicos, que traria perda de território e controle pelo exército israelense das estradas que ligam Israel aos assentamentos afastados.
O Hamas exige a volta às fronteiras de 1967, tese apoiada por várias resoluções da ONU, coisa que Olmert jamais aceitará.No recente acordo entre o Fatah e o Hamas, ficou implícito o reconhecimento do Estado judaico. Nada mais impediria a aceitação do governo do Hamas como interlocutor para as negociações de paz. Olmert ficaria numa posição muito difícil ao negar a criação de uma Palestina nos termos que ele recusa, mas que são universalmente reconhecidos como justos.
Não foi coincidência que o ataque a Gaza tenha ocorrido imediatamente após o acordo Hamas-Fatah. Salvar o soldado raptado não passou de um falso pretexto. Fosse real, a ação do governo de Telaviv seria mais hábil, via negociações. A brutalidade da retaliação israelense visa radicalizar ainda mais o outro lado. Forçá-lo a reagir também com violência e abandonar a linha pragmática que se desenhava. O que Olmert menos deseja é que os moderados passem a dar as cartas no Hamas. Eles são seus principais inimigos, já que sua causa - dois países em paz, separados pelas fronteiras de 1967 – é incontestável. Fica muito mais fácil enfrentar os radicais, graças à tremenda superioridade militar e tecnológica do exército israelense.Sem água, sem eletricidade, sem hospitais, sem segurança, sem paz, 1 milhão e 300 mil reféns continuam a ser punidos e humilhados por algo que não fizeram. Israelense tem direito à defesa, dizem os americanos. E eles, os palestinos, têm direito a quê? * Luiz Eça é jornalista

09 julho, 2006

PROPOSTA PARA A CAMPANHA SALARIAL 2006

O MNOB (Movimento Nacional da Oposição Bancária) apresenta abaixo suas propostas para a Campanha Salarial 2006 dos bancários. Pretendemos com essa apresentação que haja a participação de todos os bancários no sentido de incorporar outros pontos nesta pauta a partir do debate e do questionamento da base. Queremos também que os bancários opinem sobre a necessidade ou não da participação do MNOB (defendendo estas propostas e os adendos que a base bancária fizer) na Conferencia Nacional dos Bancários de 27 a 30/07, controlada e comandada pelo movimento sindical cutista/governista. 1) Proposta geral - Piso de R$ 1500 para 30h semanais, extensivo aos terceirizados (aplicação das perdas dos federais para o piso do DIEESE); - 30% de reposição + abertura de negociações das demais perdas desde o plano real para os bancos públicos. (30% é a reposição integral das perdas do plano real, incluindo conversão URV para privados. Também é a rentabilidade dos grandes bancos do Sistema Financeiro Nacional); - Campanha salarial unificada com petroleiros e correios na data-base em 01 de setembro, rumo à greve; - Campanha unificada, sim, mesa única da Fenaban, não (negociação específica para bancos públicos. - Encontro Nacional de base do BB, CEF, BNB e BASA com delegados eleitos por local de trabalho para definir a pauta de reivindicações; - PLR linear de 25% do lucro sem vínculo com metas (o lucro anual per capita nos grandes bancos é de cerca de R$ 100 mil – fazer tabela mostrando quanto seria a PLR para concretizar); - Estabilidade de emprego durante a vigência do dissídio; - Fim do Assédio Moral / Fim dos planos de metas; - Cipas em todos os locais de trabalho com a participação dos terceirizados; - Delegado sindical por unidade nos bancos privados; ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------INCLUIR NA PAUTA ESPECIFICA DO BB: - Isonomia para os novos concursados abrangendo também a CASSI e PREVI; - Reestabelecimento do PCS com interstícios de 12% e 16%; - Retorno do anuênio; - Não aos cortes de comissões e de dotação. Reversão da meta de 10% de redução de despesas administrativas; - Jornada de 30h semanais para todos sem redução de salário; - Abono integral dos dias parados de 2004 e 2005 com o pagamento das horas já compensadas; - Fim da terceirização e dos correspondentes bancários; - Fim da Parcela Previ. Fim do estatuto do interventor. Abertura de debate sobre novo estatuto; - Que o BB pague os R$ 420 milhões que deve à CASSI sem qualquer elevação da contribuição dos associados. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------INCLUIR NA PAUTA ESPECÍFICA DA CEF: - Isonomia para os novos concursados abrangendo também a FUNCEF; - PCC/PCS. Realinhamento da curva salarial, com diminuição das diferenças entre as funções elevando os salários mais baixos; - Efetivação de todos os caixas que exerciam a função como eventual. Abertura de 100% de vagas a mais em todas as unidades. Fim do caixa PV; - Jornada de 30h semanais para todos sem redução de salário; - Democratização dos cargos executivos através de eleição; - Não ao descomissionamento imotivado; - Abono integral dos dias parados de 2004 e 2005 com o pagamento das horas já compensadas. Respeito ao direito de greve. Não às retaliações inclusive de funções gerenciais; - Reintegração incondicional dos demitidos pela RH 008. Abaixo a chantagem da Caixa; - Abertura de migração para o plano Replan da Funcef com revisão para atender aos salários menores, incorporar o pagamento do CTVA e eliminar a idade mínima. Além destes pontos, o MNOB defende que o movimento sindical exija do governo a ratificação da convenção 158 da OIT e que os sindicatos devolvam o imposto sindical aos bancários. 2) Associação Nacional Bancária: O MNOB defende e pretende levar para a base bancaria o debate sobre a necessidade da criação de uma Associação Nacional, a necessidade de superarmos as entidades nacionais que negociam em nosso nome (CONTRAF e CONTEC), a necessidade de consolidar o MNOB como uma alternativa de direção sindical, visto sua atuação intransigente frente à subserviência da CNB/CUT e CONTEC nas últimas campanhas salariais, a necessidade de dar um passo à frente na organização da luta da categoria contra os banqueiros, o governo e os pelegos, a necessidade de criarmos uma Associação Nacional de toda a categoria que possa ser a expressão da vontade da base e não apenas mais um aparato sindical. Oposição Bancária Mogi das Cruzes

03 julho, 2006

Bancários: lembremos disso na campanha salarial

junho/2006. As receitas de prestação de serviços dos bancos. No período de altas taxas de inflação que o Brasil passou até a edição do Plano Real, em 1994, o ambiente inflacionário garantia elevadas receitas aos bancos (floating). Com a estabilidade mantida deste então, a cobrança pela prestação de serviços passa a ter papel fundamental no resultado das instituições financeiras, contribuindo para o alcance de lucros recordes. Assim, enquanto em 1994, as receitas de prestação de serviços representavam 6,25% do total das receitas do setor bancário, no final de 2005 este percentual dobra e chega 12,7%. Além do crescimento da receita proveniente dos serviços bancários, pela imposição de sua cobrança, os bancos também promoveram forte contenção de gastos com pessoal, o que contribuiu para aumentar o grau de eficiência dessas instituições, segundo alguns padrões definidos pelo mercado financeiro. Em dezembro de 1994, a soma de todas as receitas de prestação de serviços do setor “cobriam” 26,0% do total das despesas de pessoal. Em 2005, a cobertura subiu para 113,9%. A razão para essa mudança é que, entre dezembro de 1994 e dezembro de 2005, o montante das Receitas de Prestação de Serviços aumentou 582,0%, em valores nominais, enquanto as Despesas de Pessoal cresceram 56,5%, diante de uma inflação acumulada de 168,9% segundo o Índice do Custo de Vida (ICV), calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE.

02 julho, 2006

FIM DA ILUSÃO, VOLTA À REALIDADE

Brasil, 17:55h, dia 01/07/06, sábado, seleção brasileira de futebol acaba de ser desclassificada da copa do mundo, um a zero para a seleção francesa. Finalmente acabou o faz de conta para a apaixonada torcida brasileira, agora felizmente temos a oportunidade de voltar à realidade, dedicar nossa paixão ao que realmente interessa, ao que realmente diz respeito ao destino de cada brasileiro, aos problemas sérios a resolver. A derrota na copa do mundo jamais será pior do que a derrota que é termos um dos mais altos níveis de corrupção do mundo, uma das populações mais pobres do mundo, uma das mais vergonhosas concentrações de renda e de terras nas mãos de poucos do mundo, uma classe dominante das mais perversas contra os trabalhadores do mundo, tudo isso coincidentemente contrastando com o fato de sermos um dos povos mais “ordeiros”, pacatos, “pacíficos”, ingênuos, alienados, subservientes e passivos do mundo, mais inocentemente manipuláveis pela mídia, mais religiosos, mais humildes, mais iletrados, mais mal informados, mais desinteressados dos assuntos políticos do mundo e, o pior de tudo: orgulha-se de ser assim. Precisamos virar esse jogo que até agora a classe trabalhadora está perdendo de goleada para a classe dominante e, para isso o segredo é deixarmos de nos orgulhar dessa vergonhosa e trágica derrota social e política e partirmos para o ataque, não esquecendo de mantermos nossa defesa forte contra o jogo psicológico da elite manipuladora de consciências, através de seu aparato de mídia que nos próximos dias insistirão com seus apelos subliminares para que continuemos a discutir os motivos da derrota no futebol para a França e para que nossa torcida agora se volte para o brasileiro “Filipão”, que dirige a seleção de Portugal. Nesse jogo sócio-político, se a defesa se deixa abater, anula a ação do ataque. Não podemos esquecer que uma derrota no futebol passa e não vale a pena sofrer por isso, enquanto a derrota na luta de classes representa a condenação da natureza e de centenas de milhares de seres humanos à miséria e à morte dela decorrente, todos os dias.

01 julho, 2006

VENEZUELA AVANÇA CONTRA O INIMIGO INTERNO CARACAS

— "Não podemos continuar a dar concessões para que usem o espaço radioeléctrico contra o povo", declarou ontem o presidente Hugo Chávez em cerimónia no Ministério da Defesa. "Dentro da Constituição, tudo. Fora dela, nada!" reiterou o presidente da República Bolivariana da Venezuela ao anunciar que serão revistas as concessões de exploração dadas pelo Estado venezuelano a emissoras de TV e rádio. Muitas delas vencem no próximo ano. O presidente Chávez mencionou, como prova da vontade democrática da Revolução Bolivariana, o diálogo mantido com as empresas de comunicação que participaram activamente no golpe de Estado de 2002. "Naquela altura poderíamos ter retirado as concessões, mas preferimos o diálogo – mas há alguns que nunca quiseram", acrescentou. Grande parte dos media venezuelanos, hoje profundamente desmoralizados, actuam como agentes do imperialismo: espalham desinformações, provocações, calúnias, apelos ao golpe e até mesmo ao magnicídio (assassínio do chefe de Estado). Assim, concluiu Chávez, "Temos que proteger o nosso povo e a unidade nacional contra a guerra psicológica para dividir a nação, debilitá-la e destruí-la. Estes media são cavalos de Troia dentro de casa".

Campanha salarial dos bancários em 2006

A partir de políticas compensatórias e assistencialistas tipo Bolsa Família e Bolsa Escola, é inegável que o governo Lula aumentou o acesso dos milhões de miseráveis brasileiros à renda nacional, ao custo anual de R$ 10 bilhões para o Erário.
Na outra ponta, este mesmo governo manteve e incrementou a política de superávit primário e juros nas alturas para garantir a expansão exponencial dos lucros e fortunas pessoais dos banqueiros e rentistas. É o Bolsa Família dos ricos, que transfere R$ 600 mil por mês para 20 mil famílias de nababos e custa R$ 144 bilhões/ano ao Tesouro Nacional.
Ao mesmo tempo, a classe média vê a cada dia sua participação no bolo do PIB despencar por conta da continuidade da política de arrocho salarial, além de ser alvo preferencial de uma pesadíssima carga fiscal, já que os trabalhadores pagam mais imposto de renda que os bancos.
Ou seja, o governo Lula ampliou a renda dos tubarões da economia nacional e distribuiu migalhas para a plebe com o objetivo de fidelizar o voto destes sem mexer no status quo, mantido e aprofundado. No arco político, ao mesclar-se com oligarquias retrógradas e corruptas, o governo Lula deu uma forte guinada rumo ao conservadorismo.
E nós bancários, como ficamos na campanha salarial deste ano eleitoral de 2006? Basta-nos apenas a reposição da inflação oficial, ou vamos buscar as perdas deste e outros governos, bem como o crescimento real da nossa renda?
A mirar-se no exemplo recente de campanhas conduzidas pela CNB/CUT, atual CONTRAF, havemos de pôr as barbas de molho mais uma vez para avançarmos em algo mais que a reposição inflacionária. Convém, portanto, ter presente a advertência bíblica de Mateus 6:24: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom."
Neste cenário nada fácil, a direção do Sindicato dos Bancários do Maranhão promove um encontro estadual no dia 15/07/2006 para discutir com a categoria a campanha salarial deste ano. Somente com mobilização e disposição de luta os bancários poderão tirar proveito do trunfo de estarmos em um ano eleitoral.
Fonte: Secretaria de Comunicação
28/06/2006

18 junho, 2006

Conlutas vai ao Congresso contra aprovação do Super Simples

A Conlutas e outras organizações sindicais vão entregar no dia 21 de junho (quarta-feira) aos parlamentares, em Brasília, uma carta aberta contra a aprovação do Super Simples (Projeto de Lei Complementar 123/2004). Nas razões colocadas na carta, as entidades sindicais destacam que se o projeto for aprovado, as micros e pequenas empresas ficam desobrigadas de respeitar direitos básicos dos trabalhadores, como por exemplo: pagar os salários em dia, férias, décimo terceiro, tudo que tem a ver com saúde e segurança do trabalho, além de reduzir a alíquota do FGTS e fragilizar a arrecadação previdenciária. Essas regras vão atingir mais de 90% das empresas do país e mais de 60% dos trabalhadores empregados. Os sindicalistas percorrerão os gabinetes dos deputados para sensibilizá-los da gravidade do Super Simples e pedir a retirada de todos os dispositivos que causam prejuízos à população brasileira. E também entrega à Procuradoria Geral da República abaixo-assinado pela anulação da reforma da Previdência Nesta data, o primeiro lote de assinaturas coletadas em todo país pela campanha da anulação da reforma da Previdência será entregue à Procuradoria Geral da república, em Brasília. O objetivo com a entrega é reforçar o pedido feito pela Conlutas e sindicatos, para que o Procurador Geral - Dr. Antonio Fernando Barros e Silva e Souza, suspenda todos os efeitos da Emenda Constitucional n. 41, da Reforma da Previdência.

15 junho, 2006

Sobre os acontecimentos na Câmara dos Deputados

*por Comissão Pastoral da Terra *

A propósito dos acontecimentos de 5 de Junho no parlamento, em Brasília envolvendo o Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST).
Este documento denuncia a arrogância e o desprezo com que os políticos conluiados do sistema (governo & oposição) tratam as classes sociais marginalizadas pelo capitalismo brasileiro. Os referidos políticos e os monopólios dos media não só não põem em causa a camisa de força do "superávit primário" (que determina que o grosso da arrecadação seja destinada em primeiro lugar ao capital imperialista) como travam a Reforma Agrária, tentam criminalizar a pobreza e pregam abertamente medidas truculentas e repressivas contra o povo. Mas autoridades policiais e militares responsáveis por inumeráveis massacres contra trabalhadores
permanecem impunes no Brasil. *

A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra vem a público para se manifestar acerca dos acontecimentos da última terça-feira, 5, na Câmara dos Deputados, envolvendo militantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) e servidores da casa.

A CPT sempre esteve e está ao lado dos trabalhadores e defende o direito de se manifestarem, mas lastima muito que a situação tenha chegado ao ponto que chegou, inclusive com agressões físicas aos servidores públicos.

Apesar de não concordar com todas as formas utilizadas pelos trabalhadores para expressarem suas reivindicações, a CPT compreende a justa indignação que toma conta não só dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, mas de grande parte dos cidadãos e cidadãs brasileiros, diante de um Congresso cujas últimas atitudes depõem mais contra a democracia que essa atitude
isolada dos trabalhadores.

De fato, o que pensar de um Congresso que, na votação do relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a terra, rejeita o relatório oficial e aprova um substitutivo que, entre outras barbaridades, propõe que as ocupações de terra sejam tipificadas como crime hediondo e ato terrorista e, ainda, coloca os trabalhadores, vítimas da violência no campo, como responsáveis pela mesma?

Como não se indignar com tantos escândalos que surgem a cada dia envolvendo parlamentares em casos de corrupção e desvio de recursos públicos? O caso desvendado pela operação da Polícia Federal, denominada sanguessuga, é simplesmente um dos poucos que chegam ao conhecimento público.

E o que dizer da absolvição dos envolvidos no conhecido caso do "mensalão"?

Como ficar em silêncio, quando projetos, como o que propõe a expropriação de áreas onde se dê a exploração do trabalho escravo, ficam, durante anos, engavetados, mostrando o pouco ou nenhum interesse em enfrentar tamanha chaga social de nosso país?

Mas o que mais agride a consciência dos trabalhadores e trabalhadoras é ver, todos os dias, deputados e senadores dos partidos que sempre praticaram a corrupção e a defesa dos interesses particulares e de grandes grupos econômicos se arvorarem em paladinos defensores da ética e da moralidade
públicas.

A imprensa e a elite se apressam em divulgar com alarde a violência que acompanha alguma das manifestações dos trabalhadores, mas não abrem espaço para suas lutas, conquistas e reivindicações. Taxam como violência as ações dos trabalhadores, mas se negam a enxergar como violência a estrutura injusta que eles mesmos fazem questão de manter intocada, e que impede que
os trabalhadores do campo tenham acesso à terra. Não é violência a situação de mais de 200 mil famílias acampadas às beiras das estradas, às vezes por vários anos, em mais que precárias situações, à espera da terra sonhada e prometida? Não é violência as centenas de despejos de famílias de trabalhadores, tanto no campo, como na cidade? Onde estava a imprensa quando, no dia 19 de maio, no município Vargem Grande, Maranhão, uma comunidade quilombola inteira, a de São Malaquias, que vivia na área há mais
de 100 anos, foi violentamente despejada? Nem mesmo o velório de uma pessoa foi respeitado. A família se viu obrigada a levar o corpo para uma comunidade vizinha, enquanto a casa era destruída e queimada, como as demais.

A CPT espera que o episódio desta terça-feira ajude a que nossas autoridades abram os olhos diante da realidade sofrida do povo e se empenhe na busca de soluções eficazes e rápidas para poder atender às mais que legítimas aspirações de nosso povo. Espera também que a situação dos presos do MLST seja encaminhada com celeridade e se lhes dêem todos os benefícios previstos em lei, mas que costumeiramente são negados aos trabalhadores.

Goiânia, 8 de junho de 2006.

09 junho, 2006

Acidentes de trabalho matam 57 mil por ano no país

Os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais matam no Brasil cerca de 57mil pessoas por ano, de acordo com estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O número é 22 vezes maior que o captado pelas estatísticas oficiais da Previdência Social para os acidentes de trabalho fatais.
Leia mais: - Quando o trabalho mata - Cerca de 42 mil morrem por enfermidades

Morrer de trabalho

Enquanto se orquestra um ataque ao sistema de aposentadorias em todo o mundo, sem qualquer aumento da participação das empresas ou do capital na pensões de seus empregados, pesquisa da OIT denuncia que 5 mil pessoas morrem por dia no trabalho
Ignacio Ramonet
A explosão de doenças do aposentado torna particularmente repugnante o ataque ao regime das aposentadorias comandado pelos motores da globalização liberal
Escondido pelos grandes meios de comunicação, um documento decisivo passou desapercebido: o relatório1, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), denunciando que, anualmente, 270 milhões de assalariados são vítimas de acidentes de trabalho e 160 milhões contraem doenças profissionais no mundo inteiro. O estudo revela que o número de trabalhadores mortos no exercício de sua profissão passa de dois milhões por ano... Portanto, o trabalho mata 5 mil pessoas por dia! “E estes números”, salienta o relatório, “estão abaixo da realidade2.”
Na França, segundo a Caisse Nationale d’Assurance Maladie (CNAM), 780 trabalhadores morrem devido ao trabalho por ano (mais de dois por dia!). Também aqui, “os números são subestimados”. E ocorrem cerca de 1,35 milhão de acidentes de trabalho3, o que corresponde a 3.700 vítimas por dia. Considerando-se uma jornada de oito horas, isso significa oito feridos por minuto...
“Imposto do sangue”
Há 30 anos, um empresário ganhava quarenta vezes mais do que o salário de um trabalhador; atualmente, ganha mil vezes mais
Antigamente, os defensores do povo chamavam esse sofrimento em silêncio, essa contribuição paga ao crescimento e à competitividade, de “imposto do sangue4”. Numa hora em que está em pauta a questão das aposentadorias, convém lembrar esse tributo. E sonhar com as centenas de milhares de trabalhadores que chegam ao fim da vida desgastados, esgotados, esfacelados. Sem poder aproveitar sua terceira idade. Pois, se a expectativa de vida aumentou, isso se traduz, devido às seqüelas da atividade profissional, numa explosão de doenças do aposentado: câncer, disfunções cardiovasculares, depressões, paradas cerebrais, deficiências sensoriais, artrose, demência senil, mal de Alzheimer etc.
Tudo isto torna particularmente repugnante o ataque ao regime das aposentadorias. Um ataque coordenado, comandado pelos motores da globalização liberal5 – G8, Banco Mundial6, OCDE7 – os quais, a partir da década de 70, conduzem uma ofensiva contra a Previdência8 e o Estado de bem-estar social. E retransmitido pela União Européia, cujos chefes de Estado e de governo, tanto de direita quanto de esquerda (Chirac e Jospin, no caso da França), decidiram, por ocasião da reunião de cúpula em Barcelona, em março de 2002, aumentar em cinco anos a idade da aposentadoria9. O que pressupõe uma séria regressão social e o abandono do projeto de construir sociedades mais equilibradas e mais igualitárias.
O desmantelamento do sistema de aposentadorias
O peso das pensões, que hoje representa 11,5% do PIB, será de 13,5% em 2020, de 15,5% em 2040 e se tornará uma despesa insuportável para o Estado
Enquanto as classes médias são desbastadas, empobrecidas, a riqueza continua se concentrando no topo: há trinta anos, um empresário ganhava quarenta vezes mais do que o salário de um trabalhador; atualmente, ganha mil vezes mais10... E pode aguardar, serenamente, a hora de parar suas atividades. O que está longe de ser o caso dos assalariados comuns, em especial dos professores.
Centenas de milhares de professores multiplicaram paralisações – na Itália, na Espanha, na Alemanha, na Grécia, na Áustria, na França... – em protesto contra o desmantelamento do sistema de aposentadorias que, no entanto, deve ser reformado. Porque diminui o número de profissionais na ativa, enquanto aumenta o dos aposentados. E porque o peso das pensões, que hoje representa 11,5% do PIB, será de 13,5% em 2020, de 15,5% em 2040 e se tornará uma despesa insuportável para o Estado.
Reforma às expensas dos assalariados
Todas as variáveis, como a idade da aposentadoria e o montante das pensões, são modificadas em detrimento do assalariado e da remuneração do trabalho
Apesar da crise da Bolsa de Valores, que acarretou uma perda de 20% do valor dos fundos de pensão11, a opção de uma aposentadoria por capitalização é menos descartada na medida em que a reforma do sistema de contribuição só é considerada às expensas dos assalariados. Como se tratasse de um problema meramente técnico, sem conseqüências para o conjunto da sociedade. Todas as variáveis – o montante e a prorrogação das prestações, a idade da aposentadoria, o montante das pensões – são sistematicamente modificadas em detrimento do assalariado e da remuneração do trabalho. Não foi discutida nenhuma solução alternativa, como incluir as empresas na contribuição ou impor uma taxa sobre os lucros financeiros.
Considera-se normal que dois assalariados percam a vida no trabalho diariamente e que oito outros sejam sacrificados, por minuto, em nome do bem-estar das empresas. Mas não se considera normal que estas, ou o capital, tenham maior participação nas pensões de seus empregados. Como deixar de compreender a raiva dos trabalhadores?
(Trad.: Jô Amado)
1 - http://www.ilo.org/public/french/bureau/inf/pr/2002/23.htm 2 - Leia a íntegra do texto do relatório: La sécurité en chiffres. Indications pour une culture mondiale de la sécurité au travail, Organização Internacional do Trabalho, Genebra, 28 de abril de 2003. 3 - Les Echos, 7 novembre 2002. 4 - Ler “Les accidents du travail. L’impôt du sang. 19 décembre 1906” in La Guerre sociale. Un journal “contre”, ed. Les Nuits rouges, Paris, 1999. 5 - A relação entre a questão das aposentadorias e a globalização liberal é bastante estreita: as aposentadorias por capitalização alimentam – nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, no Japão, na Grã-Bretanha e na Holanda – gigantescos fundos de pensão que se tornaram os atores centrais do novo capitalismo financeiro. 6 - Ler o relatório do Banco Mundial, Reforma das aposentadoriass na Europa: progresso e processo, despacho da Agência France Presse, 8 de maio de 2003. Em relação à ofensiva do Banco Mundial contra a Previdência Social, consultar: http://forums.transnationale.org/viewtopic.php?t=11 7 - El País, Madri, 20 de maio de 2003. 8 - O Relatório Chadelat, divulgado no mês de abril, promete uma revisão profunda do auxílio-doença; tem por objetivo desmantelar e privatizar a Previdência Social. Leia o texto, na íntegra, do relatório: http://www.medito.com/article341.html 9 - Ler, de Bernard Cassen, “Est-il encore utile de voter après le Sommet de Barcelone?”, Le Monde diplomatique, abril de 2002. 10 - Libération, 21 de maio de 2003. 11 - Ler, de Martine Bulard, “Os traídos pelos fundos de pensão”, Le Monde diplomatique, maio de 2003.

28 maio, 2006

Leia o Manifesto Nacional de oposição à direção majoritária da Condsef

Sindicatos dos servidores públicos federais e oposições reuniram-se no Conat e aprovaram o texto abaixo, para avançar a luta contra a direção atual da confederação
Nem bem pisou no Planalto, Lula enterrou qualquer ilusão que os servidores pudessem ter em seu governo. Logo no primeiro ano de mandato, o governo do PT atacou a Previdência dos servidores realizando a reforma da Previdência, e continuou a aplicar o arrocho de seu antecessor FHC. Só nos três primeiros anos de seu governo a categoria amarga uma defasagem salarial de quase 30%. Desde o governo tucano são 167,49% de defasagem. Como se não bastasse aplicar a mesma política neoliberal de desmonte e arrocho dos serviços públicos imposto pelos governos anteriores, o governo Lula trata os servidores com uma intran­sigê­ncia e trucu­lên­cia nunca vistos. Tudo isso só serviu para fazer do funcionalismo a vanguarda da ruptura dos trabalhadores com o governo Lula. No entanto, se os servidores se despiram de qualquer ilusão neste governo, a CUT, pelo contrário, é cada vez mais governista. Apoiou a reforma da Previdência, colocou-se ao lado do PT e do governo diante das denúncias do mensalão, apóia o salário mínimo de fome e, coroando sua debandada para o outro lado, teve seu presidente nacional, Luiz Marinho, alçado à condição de Ministro do Trabalho. Papel traidor da CUT e da direção majoritária da Condsef O governo só conseguiu impor todos esses ataques à categoria e aos trabalhadores em geral pelo papel que sua central sindical cumpriu. Da mesma forma, a direção majoritária da Condsef, com sua política de conciliação com o governo, joga todas as lutas da categoria na derrota. A direção majoritária da Condsef nega-se sistematicamente a unificar a luta dos diversos setores representados pela própria Confederação. Tudo para impedir que qualquer processo de mobi­li­zação desgaste o governo. Com a ajuda da CUT, fragmentaram a luta do funcionalismo e, em 2005, assinaram acordos rebaixados com o governo por dentro dos gabinetes dos ministérios. Na Campanha Salarial passada praticamente decretaram o fim da nossa greve sem nenhuma discussão na base, provocando uma tremenda indignação dos servidores. A direção majoritária da Condsef impôs o fim da greve aceitando meras promessas do governo e agora, em 2006, os servidores ficaram com o pires na mão enquanto o governo simplesmente não cumpriu os acordos. Essa situação rebaixou as reivindicações da Campanha Salarial 2006, não mobilizando a categoria num movimento unificado contra o governo. Construir uma oposição nacional Isso nos mostra que essa direção não está à altura de nossa categoria, expondo uma grande contradição. Enquanto os servidores públicos estão à frente da luta contra o governo, protagonizando uma das primeiras manifestações contra Lula, a direção majoritária da Condsef vai na contramão da vontade da categoria, emperrando a unificação da luta dos servidores. Essa situação coloca uma grande responsabilidade para nós, servidores federais da base da Condsef que estamos juntos construindo a Conlutas. Da mesma forma que empenhamos todos os nossos esforços no fortalecimento de uma alternativa de luta à CUT, é fundamental que unamos forças para a construção de uma oposição nacional à direção majoritária da Condsef. Temos que construir uma alternativa de luta para dar um basta nessa direção governista e colocar nossa Confederação a serviço da mobilização da categoria. Caso essa direção que aí está se perpetue à frente da Condsef, dificilmente nossas próximas Campanhas Salariais escaparão da derrota. Essa é a responsabilidade que temos em nossas mãos. Por isso, precisamos impulsionar uma Comissão Nacional de Oposição à direção majoritária da Condsef, a fim de fortalecer e conferir organicidade ao nosso movimento. Cada estado deverá indicar 1 representante para compor a Comissão nacional que, por sua vez, irá encaminhar as próximas ações do movimento de oposição. Vamos impulsionar a luta dos servidores federais contra a política de arrocho do governo Lula, unificando nossas forças com os demais setores do funcionalismo e categorias. Só desta forma é que conseguiremos conquistar vitórias em nossas campanhas salariais e jogar um peso decisivo na luta contra as reformas Sindical e Trabalhista, que já está sendo implementada com o Super-Simples. Precisamos nos unir em torno dos seguintes pontos:- Oposição de esquerda ao governo Lula; - Construir a Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) enquanto alternativa de luta à CUT; -Reconstruir a CNESF ((Coordenação Nacional dos Servidores Federais), a fim de reafirmar um pólo de unidade e luta dos servidores contra o governo; - Impulsionar a Campanha da Conlutas pela Anulação da reforma da Previdência; - Impulsionar a luta contra a aprovação do Super-Simples; -Impulsionar a luta contra as reformas Sindical e Trabalhista; -Unificar essas lutas com as reivindicações específicas da categoria; - Lutar pela paridade salarial entre ativos, aposentados e pensionistas; - Lutar pela unificação das mobilizações dos servidores federais e demais categorias. Manifesto aprovado pelos participantes da base da Condsef presentes ao CONAT- Congresso Nacional dos Trabalhadores, realizado na cidade de Sumaré (SP), nos dias 5, 6 e 7 de maio: Sindsef-SP, Sintsep-PA, Sintsef-RN, Sintsep-AL, minoria do Sintsep-MS, oposição ao Sindsep-PE, oposição ao Sindsep-SE.

17 maio, 2006

O culpado pela violência é o Estado Capitalista

A violência generalizada deflagrada pela organização criminosa PCC Primeiro Comando da Capital é o atestado de falência da política de segurança tanto do governo estadual (PSDB-PFL) como do federal (PT). Em todas as campanhas eleitorais eles falam deste problema, e apontam como solução aumentar os efetivos policiais ou usar as Forças Armadas como polícia, mas não falam em aumentar os salários desses trabalhadores. Em nenhum momento colocam em questão o modelo econômico e a corrupção nas instituições do Estado. É irracionall pensar que a solução para a violência seja reforçar o efetivo policial, que, pela precária condição de trabalho e de salário, é uma das bases da própria violência. Sem a corrupção da polícia e do judiciário seria impossível a organização destes atentados pelo PCC desde dentro dos presídios, com armas e celulares. A cada ano aumenta o número de policiais e a corrupção e a violência seguem aumentando, aumentando também a insegurança pública. O resultado está a vista de todos: nunca houve tantos policiais no país, e nunca na história tinha ocorrido uma onda de violência urbana tão grande como nos últimos três dias. É impossível conter a violência sem acabar com as suas causas. O desemprego em massa, o subemprego e a miséria, produtos do capitalismo neoliberal são as causas básicas da violência. As máfias do narcotráfico e do seqüestro recrutam a juventude pobre sem alternativas nem perspectivas. Sem resolver este problema, nenhum outro será solucionado. Sem parar de pagar as dívidas externa e interna aos banqueiros não haverá emprego nem educação para a juventude, e essas máfias continuarão com sua base social. A outra face dos lucros escandalosos dos banqueiros neste país é o aumento da violência urbana. É impossível acabar com o narcotráfico com a repressão. É necessário reformular o sistema educacional. A ilegalidade das drogas até hoje só fez surgir um enorme mercado ilegal, com lucros fabulosos e sem impostos para os traficantes e para os banqueiros, comerciantes, policiais e juízes corruptos ligados a eles. E é impossível ainda "prender os bandidos" se não se começa por prender os grandes ladrões deste país. Qual é a autoridade moral do PT e do PSDB-PFL, que acobertam os corruptos do parlamento, para punir os outros ladrões? Defendemos o direito democrático dos trabalhadores de ficarem em casa, não indo trabalhar como forma de proteger suas vidas e a de seus filhos. Os estudantes têm o direito de não ir a escola. Os responsáveis por garantir a segurança da população são os governos federal, estadual e municipais.

16 maio, 2006

Lucro trimestral do Banco do Brasil cresceu 142,9%

Agência EFE
O Banco do Brasil registrou, no primeiro trimestre deste ano, lucro líquido de R$ 2,343 bilhões, resultado 142,9% acima do valor no mesmo período de 2005, informou hoje a entidade.

O banco explicou que o lucro se deve, em parte, a uma mudança nos critérios usados pelo Conselho Monetário Nacional para o tratamento dos créditos tributários. A alteração permitiu contabilizar um adicional de R$ 1,9 bilhão. A carteira de crédito total do Banco do Brasil cresceu 13,2% e chegou a R$ 105,5 bilhões. O índice consolida o banco como líder absoluto na concessão de crédito no país, com participação de 15,5% no mercado, informou um comunicado da instituição. Com aumento de 24,4% em comparação ao primeiro trimestre de 2005, o resultado bruto da intermediação financeira ficou em R$ 4,909 bilhões. O patrimônio líquido do Banco do Brasil em 31 de março era de R$ 19,2 bilhões, um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período do ano passado, acrescentou a nota. Os ativos totais da entidade subiram 7,7% em 12 meses e alcançaram, no fechamento do primeiro trimestre, R$ 264,635 bilhões, número que o mantém como maior banco do país em volume de ativos.

14 maio, 2006

Um mundo melhor é possivel

O senso comum nas sociedades que vivem sob a cultura capitalista diz que todo contrato assinado deve ser cumprido, por mais espúrio que seja. O trabalhador espoliado assume e reproduz o discurso da minoria abastada que o explora até a última gota de suor, deixando-se envenenar pelas vociferações dos reacionários, sem se darem conta que estão sendo conduzidos ideologicamente. Sob um manto de neutralidade, a grande imprensa, pertencente à classe dominante, invade e contamina os cérebros de todos os seus ouvintes, leitores e telespectadores e os transforma em robôs teleguiados, tirando-lhes a capacidade de perceber que não há neutralidade ideológica, que ela defende uma posição, a posição da classe dominante, a posição dos que se enriquecem com o suor dos que realmente trabalham. Somente no dia em que a classe explorada aprender que precisa adquirir capacidade de interpretação crítica, analisar as informações e o seu conteúdo ideológico e, a que classe interessa e favorece as opiniões que os grandes meios de comunicação de massa tentam nos impor, o mundo poderá começar a ser melhor para todos (e tudo) que nele vivem.

09 maio, 2006

Leia a entrevista com James Petras

Diego Cruz e Roberto Barros, da Ciranda do Conat
• Leia a entrevista exclusiva com James PetrasO professor e sociólogo James Petras foi uma das principais presenças no primeiro dia do Congresso Nacional de Trabalhadores. Antes de se apresentar à abertura solene, Petras concedeu uma entrevista exclusiva à Ciranda de informações do Conat, formada por jornalistas sindicais e de esquerda presentes na cobertura do evento, onde falou sobre a importância histórica da Conlutas, o governo Lula, as recentes mobilizações, entre outros temas.Petras pertence a uma geração de intelectuais marxistas norte-americanos que, apesar da passagem dos anos, mantém-se no campo da esquerda. Apesar da idade avançada, Petras mostrou uma invejável vitalidade, não perdendo sequer uma oportunidade de conversar com os trabalhadores de diferentes regiões do país ou mesmo intervir energicamente nos debates do Conat.É possível reconhecê-lo à distância. A inconfundível boina compõe, junto aos óculos escuros e o bigode, uma figura que nos remete a uma personalidade emblemática. Num tempo em que a dissimulação e o desencanto vicejam absolutos no plano das idéias, a honestidade intelectual e a inconteste esperança na classe trabalhadora de Petras constituem um verdadeiro alento à luta social.Quais são suas expectativas para o Congresso Nacional de Trabalhadores? Você acha que ele expressa historicamente um processo de reorganização do movimento de massas?Petras: Esta é uma fundação histórica porque está criando um pólo de organização para se opor ao “neo-coronelismo” neoliberal, frente à decadência de outros referenciais como a CUT, a UNE e demais organizações que apóiam Lula. Após a dispersão de forças e as lutas eleitorais já se passou a um universo superior. Com a massificação da Conlutas, me parece que agora as forças críticas e dissidentes têm já um ponto de referência para enfrentar o governo Lula. Creio que isso é muito importante pois, num primeiro momento desse governo, as forças opositoras não tinham capacidade de organizar uma resistência frontal, com conseqüências favoráveis – com alguma exceção aqui ou acolá –, mas acho que agora temos desde a base uma oposição social e um espaço para abrir uma discussão sobre uma oposição política. Isso poderia avançar na luta e preencher um grande vazio entre a direita, com Lula e os partidos do Congresso, e a grande massa, que exige reivindicações e lutas sociais.Eu quero enfatizar isso. Entre a esquerda revolucionária aqui presente, que é muito conseqüente mas pequena, e a direita governamental, há uma massa de 70% da população que reivindica mudanças, não necessariamente revolucionárias. Perderam sua referência, mas tampouco estão dispostos a ir para a esquerda revolucionária. E, nesse espaço, é importante o papel que cumpre a Conlutas. Como você avalia a degeneração do governo Lula e do PT?Petras - É um processo. Em primeiro lugar, remonta a toda a trajetória do PT a partir do final dos anos 80, uma orientação eleitoral-institucional. Com os avanços eleitorais, ocupando cargos no governo, aprofundou as alianças com partidos burgueses e começam a negociar com os setores econômicos dominantes. Frente a isso, mantém-se pendurado entre seu apoio popular, dos trabalhadores urbanos e rurais, e as negociações que articulam com os partidos e frações burguesas. Esse processo de tentar equilibrar essas duas coisas tem como resultado políticas social-democratas com um discurso radical. Esta correlação de forças se quebrou na preparação da campanha de 2002. Já era evidente que o PT era tão somente um partido da pequena burguesia, financiado pelos banqueiros. Para mim não foi nenhuma surpresa o que aconteceu após 2002.A partir de 2002 o governo rompe esse arranjo social-democrata e passa a fazer uma política liberal pró-imperialista, descartando muitos setores da pequena burguesia, empregados, pequenos empresários e, mais que nada o campo, os sem-terras. Teve particularmente um abandono do setor público, de funcionários públicos. A nova configuração de poder é um governo de direita, mas com respaldo operário. Não é algo raro. Na Inglaterra temos a história dos chamados “trabalhistas vermelhos” (“red tories”). Na Alemanha, os democratas-cristãos controlam setores importantes dos trabalhadores católicos. Na Itália, o mesmo. Então, falar de partido dos trabalhadores passa a equivaler a falar de um partido burguês. Não se define nenhuma direção, porque a política assistencialista é comum a governos da direita. Há muitos anos democratas-cristãos mantêm toda uma clientela no sul da Itália: na Sicília, Calábria e todos os lugares agrários no Sul. Nisso, discordo um pouco do PSTU quando caracteriza este governo como de frente popular. Não é frente popular. Não é por ter apoio operário que se pode dizê-lo um governo de frente popular. É um governo burguês e pró-imperialista, em composição, em financiamento e em trajetória. Neste sentido, creio que vá aprofundar ainda mais a política direitista após as eleições. Depois do setor público, agora vai atacar o setor privado: na previdência, em salários, em programas sociais. Pense na imagem de como se corta um salame. Primeiro o setor público, depois outro setor e outro e mais outro.Neste contexto, penso que devemos classificar o governo como uma grande vitória do imperialismo, cooptando as principais organizações de massas e reconvertendo-as em braços para aprofundar as privatizações e fortalecer o setor financeiro e exportador. Então, estamos nessa situação com o governo Lula: a reconversão de um partido de esquerda, social-democrata, em um governo da direita dura.A Conlutas propõe uma crítica à estrutura sindical brasileira e, ao contrário das estruturas sindicais tradicionais, congrega sem-terras, sem-tetos, desempregados, aposentados etc. Compõe um pouco do que é a classe trabalhadora hoje em dia. Como você vê a possibilidade de uma alternativa propriamente política?Petras - Primeiro, há uma enorme massa de trabalhadores em pequenas empresas, de menos de 20 operários, que serão severamente golpeados com a nova lei trabalhista de Lula [Super-Simples], de excluir todos os benefícios desse setor da pequena burguesia empresarial, “liberá-los” de todas essas obrigações. Isso vai afetar uma massa que ocupa quase 50% da mão-de-obra do país. Apesar de que isso não conta tanto no PIB. A tarefa da Conlutas é organizar essa grande massa. Temos muita experiência de grande capacidade de luta desse setor [informais] agora nos EUA. Este é o setor mais combativo e avançado que chamam apenas de latino-americanos, mas que não são só latino-americanos, mas operários e imigrantes que estão excluídos dos sindicatos, excluídos da política, mas estão agora na vanguarda de grandes marchas, boicotes, greves etc. Na França, o grande setor da juventude sem emprego está encabeçando muitos dos mais contundentes combates. E ocorre o mesmo na Itália, ao Sul, com os desempregados se mobilizando, os piqueteiros na Argentina também etc. Porém, o que falta é organizar todos esse setores, no Brasil. Dizem que é difícil, são dispersos, vão se organizar em outros lugares. Creio que são apenas desculpas...Segundo: estender aos setores metalúrgicos, sindicatos que estão em lutas internas, contestatórias. Eu creio que a grande oportunidade quando Lula começa a atacar a Previdência do setor privado é lutar contra os mega-pelegos deste setor. Terceiro: aprofundar a consciência de classe em conjunto e, principalmente, no setor público, para que tenha uma visão mais de classe e menos corporativa. Formar escolas de classe para uma formação sindical e classista. E não são exatamente a mesma coisa. São essas as perspectivas com a ampliação da luta. Construindo e fortalecendo o bloco social pode-se abrir, nesse contexto, uma discussão política. É prematuro agora lançar palavras-de-ordem político-práticas, frente ao grande desafio da organização da luta e mobilização de massas. Há o risco de se cair no debate de pequenos setores, sem ter uma base social envolvida na mobilização. Vamos falar um pouco da situação internacional. Aqui, na imprensa burguesa – e em alguns círculos socialistas também –, houve um grande impacto em torno ao anúncio da medida de nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia. Como você vê tudo isso? Um editorialista da Folha de S. Paulo chegou a dizer que se tratava da primeira medida de esquerda desde a queda do Muro de Berlim.Petras - É muito positivo, porque reflete a grande pressão das massas. Há pesquisas que indicam que entre 80 e 90% dos bolivianos exigem a nacionalização. Frente a isso, temos um presidente, Evo Morales, que depende dessa massa para negociar com as multinacionais e conseguir melhores benefícios e contratos, com co-participação numa economia mista, porque Evo é um social-democrata. Precisa da massa para pressionar a burguesia por concessões. As grandes empresas não deram bola a Evo: não levam a sério um índio, um demagogo, um populista, um indígena. Criaram uma situação impossível para ele. Evo precisa, então, “mostrar” a eles que tem força e que está disposto ao enfrentamento. Por um lado, lança a famosa nacionalização, mas junto com uma série de exigências que objetivam abertamente as negociações. Ou seja, são duas coisas. Inclusive a imprensa imperialista – o Financial Times, Wall Street Journal etc. – diz abertamente que esses atos são o alicerce para negociarem contratos. Agora, muito depende de se as empresas repensam sua intransigência e começam a negociar seriamente uma maior co-participação. Senão, vão forçar Evo a tomar medidas que ele não quer tomar. E, subseqüentemente, avançar sobre a nacionalização. Enquanto isso, aqui, a imprensa burguesa está infectando o povo com um chauvinismo que poderia chegar, inclusive, a uma aliança política, econômica e quase militar contra a Bolívia. Uma tríplice aliança – norte-americana, brasileira e argentina – contra a Bolívia. Esse é o problema de todos os países imperialistas e sub-imperialistas: infectar a massa com o chauvinismo. Nós [os norte-americanos] sabemos há muitos anos a mesma coisa que vocês vivenciam agora. Há que se desenvolver uma política que explique que a empresa estatal não é pública, é privada. Acionistas, lucros, estrutura organizativa... A Petrobras deve privilegiar o funcionamento interno, investindo no país, expandindo serviços à população e, portanto, deve sacrificar o lucro para manter as taxas de gás a preços populares. Porque eles vão utilizar o argumento de que os impostos sobem lá, e se trata de manter o “valor-de-uso” [para justificar o chauvinismo]. Em todo o caso, a importância não reside em que se trata de um gesto de Evo, mas sim que mostra que a nacionalização está na ordem do dia, e não a privatização. Assim se mostra que há alternativas de organização econômica que não passam necessariamente pela privatização. Isso é o que mais preocupa Lula e, em menor medida, Kirchner. Volta o fenômeno da nacionalização como forma de fortalecer a economia doméstica. A globalização não é sobredeterminante sobre a política econômica, que é somente uma opção imperialista e não-necessária para o desenvolvimento histórico. Volta-se novamente a se enfrentar a disjuntiva: nacionalização versus privatização. Com isso não temos nenhum problema: apoiar incondicional e politicamente a nacionalização e, ao mesmo tempo, alertando sobre a posição centrista de Evo Morales – de montar essa grande mobilização em face à necessidade de conseguir concessões. E nós devemos apoiar a luta das massas, incondicionalmente.Como você vê a situação atual da França e a luta contra a precarização do emprego no país?Petras - A França mostra outra vez, 8% da mão-de-obra está sindicalizada. Mas todas as empresas que tenham mais ou menos 5% de sindicalizados chamam assembléias populares para discutir e decidir democraticamente. A vanguarda sindicalizada convoca democraticamente todos os operários a discutir os contratos precarizados que não só prejudicam os jovens mas, também, todos os trabalhadores, porque podem ser submetidos à terceirização. Hoje prejudicam aos jovens. Amanhã, aos operários mesmos. Esse conhecimento formou a famosa aliança juventude-estudantes-operários. Temos que entender uma coisa. A burguesia e a imprensa de esquerda enfatizam o termo “estudantes”, mas os mais prejudicados são os jovens operários, secundaristas, etc. Esse é o setor mais explorado, com mais taxas de desemprego. Então, esses são os que jogam um importante papel vinculando seus pais empregados aos estudantes que estão preocupados com o emprego no mercado de trabalho. E creio que a dinâmica é parte da história e tradição do sindicalismo combativo na França, onde a hegemonia ideológica existente remete-se ao “obreirismo”, ou pelo menos ao social-protecionismo. Tudo isso influi para que seja inaceitável a política abertamente neoliberal. Não há na França, à diferença da Inglaterra, hegemonia liberal entre os trabalhadores. O que é hegemônico lá é o Estado de bem-estar social e – apesar dos ataques – segue sendo assim, uma referência.Finalmente, como você enxerga a revolta dos trabalhadores imigrantes nos Estados Unidos e que relação pode ser feita com a situação internacional?Há uma dialética que traz o antagonismo entre os trabalhadores da América Latina e a dominação imperialista para o interior do próprio império. A política neoliberal exigiu-lhes a imigração forçada – desemprego crônico, falência da assistência social, arrocho salarial etc. –, buscando melhores condições, contraditoriamente, no ventre da própria besta – lugar de origem de sua miséria.Cerca de 5 milhões de imigrantes saíram às ruas entre 26 de março e o 1º de maio deste ano. Em mais de 50 anos de história, a AFL-CIO [confederação sindical norte-americana] sequer alcançou uma ínfima fração dos trabalhadores mobilizados. São uma força social que concentra uma experiência histórica de guerrilhas urbanas, combates anti-ditatoriais e lutas de massas contra o neoliberalismo – em especial do México, América Central e Caribe –, além de toda uma memória coletiva de super-exploração, discriminação e racismo; que se enfrenta hoje nos EUA à imposição de um futuro que não é mais do que um lastro de prisões, expulsões, demissões. Este passado é um legado importantíssimo em seu horizonte de lutas, assim como em seus métodos de ação, que pode ter sido dissimulado em função das condições aterradoras – mas de forma alguma foi esquecido.O novo movimento social de trabalhadores imigrantes constitui uma luta política com independência de classe – uma nova etapa da luta de classes nas Américas Central e do Norte, depois de 50 anos de refluxo e sucessivas derrotas – dirigida contra governos municipais, estaduais e, em especial, o Estado. Tem como objetivo imediato a derrubada de uma legislação anti-imigrantes que busca ilegalizar suas existências e o direito mesmo à reprodução social, através de expulsões massivas e ameaças de detenção, além de expressar um arranjo de classe historicamente distinto do operariado tradicional do século XX. A ação direta é uma resposta contundente contra a falência histórica dos métodos legalistas e burocráticos de organizações “pró-latinos”, de composição social predominantemente pequeno-burguesa. Mas há muito o adensamento das raízes sociais – forma de solidariedade de classe desconhecida nos EUA desde os anos 30 – implantado no centro imperialista sobrepôs esta situação; as decisões do Congresso apenas catalizaram este processo, libertado de suas amarras após superar a hierarquia sindical. Tudo isso de forma absolutamente independente do “abraço-de-urso” do Partido Democrata dos EUA, e com uma crescente ascendência sobre o movimento estudantil além de uma acertada articulação entre enfoque de raça e política de classe. Porém, a contra-ofensiva capitalista – e neofascista – não tardou em se manifestar: prisões em massa, cercamento de bairros, registros policiais domiciliares.LEIA TAMBÉM
``América Central chega à América do Norte: a dialética do movimento social de trabalhadores imigrantes``, artigo de Petras, publicado no Rebelion.org (em espanhol)
Entrevista concedida ao jornal Opinião Socialista, em janeiro de 2005, por ocasião do Fórum Social Mundial