AGORA É GREVE!

Depois de várias rodadas de negociação entre agosto e setembro, é os bancos dizendo não para todas as nossas reivindicações, agora não tem mais jeito, AGORA É GREVE!

NÃO COMPENSE AS HORAS DA GREVE - BANCOS NÃO SÃO ENTIDADES FILANTRÓPICAS


GREVE É DIREITO, NAO É DELITO!

08 novembro, 2009

Avaliação da campanha salarial dos bancários 2009

A categoria protagonizou mais uma grande luta, que faz parte do ciclo iniciado em 2003. Houve variações de banco para banco, mas no geral a luta neste ano foi fantástica.


A greve na CEF e no BNB foram as mais robustas. Durou 28 dias no primeiro e 29 em alguns estados; no outro banco atingiu 30 dias.

No BB a greve não foi tão forte, mas foi mais expressiva que no ano passado. Nos bancos privados houve uma participação maior que nos últimos anos, ainda que a greve ainda tenha a característica de ser de dentro pra fora.

O Acordo aprovado tem efeitos diferentes de banco para banco. Nos privados é visto como um acordo vitorioso na maioria deles (a exceção é o HSBC), nos públicos federais é visto como muito ruim e nos estaduais regionais tende a ser ruim na maioria deles também.

Os diferentes graus de satisfação têm muito haver com os diferentes graus de mobilização. Quem lutou mais esperava conquistar mais.

Assim, as conquistas da greve são vistas de forma diferente entre os bancários, com os bancos privados na ponta da satisfação e os públicos federais na ponta oposta da insatisfação. No entanto, de fato, as conquistas são muito pequenas frente à força da greve que foi feita e, principalmente, diante das necessidades e expectativa das bases e do lucro do setor.

Se a greve seguisse em todo o setor, poderia se conquistar mais. Mas, mesmo se ela seguisse apenas no BB e na CEF, já haveria espaço para mais conquistas.

O papel da direção sindical, mais uma vez, foi determinante para desmontar a greve e limitar as conquistas. Primeiro acabando com a greve na Fenaban e BB, depois na CEF.

Os bancários do BB e da CEF bem que tentaram passar por cima da direção, como em 2004, mas não conseguiram fazer isso nacionalmente. Depois que o Comando da Contraf/CUT orientou a aceitação do Acordo, no BB seguiu a greve em vários estados e depois, na CEF, vimos a mesma cena acontecendo.

Assim, podemos afirmar que havia uma greve forte que podia arrancar um Acordo bem melhor, mas que a traição da direção sindical impediu isso.

Isso coloca uma tarefa que é a de construir uma organização por local de trabalho e preparar para o ano que vem uma greve mais forte e que possa passar por cima da direção sindical quando ela for puxar o tapete do movimento.

Para que essa tarefa tenha êxito, é preciso fazer um movimento forte contra a compensação das horas da greve. Esse movimento não terá o apoio da maioria dos sindicatos, principalmente os ligados à CUT, mas é fundamental para manter a "moral" da tropa em alta.

O MNOB teve um papel determinante, mantendo uma coerência na sua política. Desde o Encontro Nacional promovido por fora da CUT, da pauta de reivindicação e do Comando Eleito na Base, até o plano de lutas com mobilizações, não só nas bases dos sindicatos do MNOB, mas também nas bases da CUT, onde o MNOB é Oposição.

Essa coerência foi determinante na hora da greve para enfrentar a intransigência do governo e dos banqueiros, ajudando na realização de uma greve forte da categoria.

Claro que o MNOB teve alguns problemas de organização, mas que não comprometeram a atuação da categoria. Isso significa que mesmo que o MNOB fosse bem mais organizado, não seria capaz de alterar de qualidade a realidade submetida.

Ou seja, não dependia do MNOB a mudança de qualidade nessa greve, mas da força da própria greve. Nesse sentido é que lamentamos a greve de pijama, com uma esmagadora parte da categoria ficando em casa ou indo viajar.

Por fim, é preciso dizer que os problemas de organização do MNOB não pode ser o centro do debate de balanço, mas a política que tivemos e nossa coerência. Nenhuma outra corrente do movimento enfrentou a CUT e se manteve na defesa da luta da categoria pelos seus direitos até o fim.

Isto é o que faz do MNOB a única alternativa viável e coerente de luta. E mesmo aqueles que criticam o MNOB pelas suas falhas organizativas, não são capazes de apresentar uma proposta superior.

Por isso, é fundamental organizarmos um Encontro Nacional, não apenas para ficarmos fazendo Balanços, mas para construirmos uma política de mobilização e de organização superior ao que acumulamos neste ano.



Wilson Ribeiro

(Este texto é uma contribuição dos Bancários do PSTU para o debate na categoria)

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