Declaração da cantora e ativista popular haitiana, prisioneira política Annette Auguste, querida cantora popular haitiana conhecida como Sò Anne (Irmã Anne), apartir da Penitenciária de Pétionville, Haiti, em 24 de maio de 2004. Há mais de um ano está presa.
Falo hoje para o mundo como uma prisioneira de consciência no Haiti, mantida em detenção por minhas opiniões e convicções políticas. Fui presa em 10 de maio [de 2004] em Delmas, um subúrbio da capital haitiana Porto Príncipe, por marines dos Estados Unidos, que assaltaram brutalmente meu lar no meio da noite com explosivos e armamento pesado, aterrorizando a todos, especialmente as crianças pequenas de minha família. A única segurança que tínhamos eram nossos dois pequenos cães, que eles mataram ao invadirem o quintal, e depois usaram explosivos para fazer em pedaços a porta da frente de nossa casa. Nunca poderei esquecer ou perdoar o trauma que esses homens causaram aos mais jovens e mais vulneráveis de nossa casa. Dos três adolescentes e jovens que escaparam à prisão naquela noite pulando sobre o muro, um sofreu sérios ferimentos que precisaram detratamento médico urgente. Eu penso que nenhum de nós será capaz de esquecer o tratamento desumano a que fomos submetidos durante essa ação violenta realizada em nome do governo Bush para o que ele chama "construção da democracia" em meu país. A verdade é que foi o governo norte-americano que invadiu violentamente minha casa e me prendeu, e é ele quem detém as chaves de minha cela na prisão. Eles pretendem usar o sistema judicial haitiano para encobrir este fato. Foram somente soldados norte-americanos que invadiram minha casa, sem nenhum mandado de prisão, e arrancaram-me algemada à força enquanto a polícia haitiana assistia passivamente de seus carros. Os marines do governo Bush disseram que essa ação violenta contra mim e contra minha família foi realizada porque eu estaria planejando atacar suas forças e enfraquecer a segurança e a estabilidade em meu país. Como podem ser tão cínicos quando sabem muito bem que foram eles, juntamente com o governo francês, que enfraqueceram a estabilidade no Haiti pela remoção forçada de nosso presidente constitucional em 29 de fevereiro de 2004? Como podem ser tão cínicos quando sabem que enfraqueceram nossa segurança ao treinarem e deixarem à solta as forças do antigo exército e os esquadrões da morte, para assisti-los na derrubada de nosso governo constitucional? Foi somente depois que o governo dos Estados Unidos manipulou sua marionete [Gerard] Latortue, o primeiro-ministro "de fato", e o sistema judicial haitiano para me acusar falsamente de organizar um ataque contra a chamada "oposição estudantil" em 5 de dezembro de 2003, durante sua "manifestação" contra o governo constitucional de Aristide e do [partido]Lavalas. Eu nunca estive envolvida ou tomei algum conhecimento desses eventos. Está claro para mim que tal acusação é apenas um pequeno ato desse vergonhoso teatro. O fato é que foi a administração Bush e suas forças militares no Haiti que me prenderam e, uma vez mais, somente eles detêm as chaves de minha cela e podem dar a ordem para me libertarem. Nem o pagamento de propina a algum corrupto oficial haitiano ou o pagamento da fiança determinada pelo sistema judicial haitiano poderia garantir minha liberdade, pois isso teria que ser aprovado pelos altos escalões da administração Bush. Desde que fui presa, a incessante campanha de repressão e assassinato contra a base do partido político Lavalas continuou. Militantes de nossomovimento que são líderes confiáveis e reconhecidos em seus bairros estão sendo assassinados pela nova força policial militarizada, sob o controle e direção dos chamados Fundos Multilaterais de Investimento [N.T.MIF no original, por sua sigla em inglês], que estão sendo dirigidos, de fato, pelos marines norte-americanos. Líderes de nosso movimento ainda estão sendo presos e outros são forçados a se esconder, numa ação concertada para dobrar a espinha do movimento Lavalas, que ainda vê Jean-BertrandAristide como o único presidente legítimo e constitucionalmente eleito do Haiti. Enquanto sou forçada a permanecer nessa cela da prisão, tenho visto também o individualismo de alguns do nosso partido, causado por essa campanha de repressão, intimidação e assassínio. Eu compreendo seu medo porque eu mesma sou uma vítima dessa campanha cujo propósito é destruir nossa esperança e nossas aspirações na construção de um Haiti onde os pobres não sejam meros instrumentos sobre os quais se construam sonhos de prosperidade e poder pessoal. Gostaria de chamar a atenção de todos aqueles que ainda se consideram representantes do Lavalas e da maioria pobre do Haiti para relembrar a lição da primeira ocupação de nossa pátria pelos norte-americanos e nosso grande mártir Charlemagne Peralte. Peralte assinou de boa-fé a paz com os norte-americanos e dissolveu sua resistência armada contra a ocupação apenas para cair vítima de suas mentiras e más intenções: ele foi seqüestrado e assassinado. Um destino semelhante ameaça muitos haitianos hoje no Lavalas que acreditam em nossa soberania nacional e na justiça. Em minha cela, recebo a esperança de muitas vozes que se levantam contra a injustiça que o povo do Haiti vem sendo forçado a sofrer atualmente. Sou grata à congressista Maxine Waters [N.T. do partido Democrata dos EUA] e a incontáveis pessoas que têm prestado solidariedade com o povo haitiano para dar um basta ao massacre e ajudar o mundo exterior a saber a verdade e a realidade que enfrentamos atualmente. Envio a vocês todo meu amor e gratidão para que se mantenham firmes, separando a mentira da verdade na situação atual do Haiti. Envio a vocês minhas bênçãos como uma mulher haitiana livre que luta pelos direitos da maioria miserável em minha pátria. Eles podem prender meu corpo, mas jamais prenderão a verdade que encerro em minha alma. Continuarei a lutar pela justiça e pela verdade no Haiti até meu ultimo suspiro.
Annette Auguste
O original encontra-se em http://www.sfbayview.com/052604/soanneannette052604.shtml
A oposição Bancária de Mogi das Cruzes e região tem por objetivos, juntamente com a Oposição Bancária Nacional, resgatar a autonomia e independência frente a governos, partidos e patrões, há muito deixados de lado pelo movimento sindical da CUT e colocar novamente os sindicatos a favor da luta dos trabalhadores.
AGORA É GREVE!
Depois de várias rodadas de negociação entre agosto e setembro, é os bancos dizendo não para todas as nossas reivindicações, agora não tem mais jeito, AGORA É GREVE!
NÃO COMPENSE AS HORAS DA GREVE - BANCOS NÃO SÃO ENTIDADES FILANTRÓPICAS
GREVE É DIREITO, NAO É DELITO!
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