Por elaine tavares - jornalista OLA/UFSC
Desde o dia primeiro de janeiro deste ano, os zapatistas insurgentes do México estão nas estradas do país. Eles cumprem uma determinação da “Sexta Declaração da Selva Lacandona”, elaborada em junho de 2005, depois de debates e reuniões em cada rincão zapatista. Dentre inúmeros pontos, um deles dispõe sobre a atuação dos militantes diante da eleição presidencial que se aproxima. Segundo o “delegado zero”, o subcomandante insurgente Marcos, os zapatistas não estão dispostos a compor com qualquer dos candidatos à presidência, nem mesmo com o dito candidato da esquerda, Lòpez Obrador. Por isso, definiram o que chamam de a “outra campanha”, que se traduz numa andança por todos os estados do país. O objetivo é construir um programa nacional de luta, verdadeiramente anticapitalista e de esquerda.
O primeiro ato da “outra campanha” será cumprido pelo subcomandante. Sozinho, montado numa motocicleta preta, chamada de “Sombraluz”, ele pretende ouvir cada mexicano e mexicana que encontrar, sobre seus sonhos de vida melhor. “Eu saio primeiro para ver como é o caminho que vamos andar, se há perigos. Vou aprender, e reconhecer o rosto e a palavra dos companheiros e companheiras, para unir a nossa luta zapatista com os trabalhadores do campo e da cidade”.
A saída do Sub, acompanhada por milhares de pessoas, foi na cidade de San Cristóbal de las Casas, centro das comunidades zapatistas em Chiapas. Vestido de negro, o rosto coberto pelo pasamontaña (espécie de capuz preto que mostra unicamente os olhos e a boca) e o capacete, ele carrega na traseira da moto uma caixa que diz: EZLN - Precaución: pingüino a bordo. O “pingüino” é a cópia da “sexta declaração” e segue a técnica já bastante conhecida do Sub, que é a de lidar com símbolos e metáforas que são preciosos ao povo autóctone. Não é à toa que se auto-intitulou “delegado zero” – outra metáfora, tal qual os pasamontañas - que nada mais quer dizer que ele é nada, um a mais na grande corrente zapatista.
Diante da catedral, acompanhado pelos comandantes Tacho, David, Hortência e Kelly, Marcos se despediu dizendo: “Se algo de mal me acontece, saibam que tem sido um orgulho lutar ao lado de vocês, meus melhores mestres e dirigentes. Estou seguro que seguirão levando pelo bom caminho a nossa luta, ensinando a todos a serem melhores com a palavra dignidade. Somos vento. Não tememos morrer na luta. A boa palavra foi semeada na boa terra. Essa boa terra é o coração de cada um de vocês, e nela floresce a dignidade zapatista”.
O primeiro de janeiro também está carregado da simbologia zapatista. Foi num dia igual, em 1994, que este movimento arrancou de las montañas do sureste e tomou várias cidades. Os povos autóctones, relegados à obscuridade e à servidão, mostraram que estavam vivos e cheios de vontade de fazer acontecer um tempo novo, no qual a sua palavra fosse escutada. Foi aí que se levantaram em armas e mostraram ao mundo a disposição de fazer andar a dignidade das gentes. A rebelião armada acabou em doze dias, mas eles permaneceram organizados no que chamam de “paz armada”. Desde aí têm ditado, a partir da selva Lacandona, uma outra maneira de organização e forma de exercer o poder.
Agora, cansados de receber promessas de sucessivos governos, de ver os massacres contra o povo seguirem adiante, e o neoliberalismo campear pelas vias do México, os zapatistas querem participar desse momento de re-organização do poder realizando uma outra campanha, que não será luxuosa nem ostensiva como têm sido as campanhas eleitorais no México, sempre sob o poder do dinheiro. A proposta é ouvir e despertar consciências. Para isso, Marcos vai visitar cada comunidade e não apenas realizar pequenas reuniões, embora nelas as pessoas possam verdadeiramente falar e expor suas idéias sobre como melhorar a vida no México. “Nós vamos até sua casa, carregar água com você, participar do seu dia-a-dia. E aí, você vai dizer o que está no seu coração, sua indignação, sua coragem. Tudo vai ser feito muito devagar. Não temos pressa”, diz el Sub.
Marcos também faz questão de ressaltar que o espaço de encontro que o movimento zapatista está promovendo não vai se prestar a fazer o jogo de qualquer candidato. “Este é o lugar das gentes que não têm partidos institucionais”. Sobre Lòpez Obrador, que é considerado o candidato da esquerda, Marcos fala sem ilusões. Diz que o mesmo não está comprometido com a luta do povo e que vai acabar pendendo para direita, como tem acontecido com vários representantes desta “nova-esquerda”, cada dia mais próxima do neoliberalismo.
Não são poucas as críticas que surgem no México à “outra campanha” zapatista. Intelectuais, sindicalistas e outras instituições que ainda acreditam na via eleitoral – e apostam em Obrador – insistem em alegar que esta caminhada de Marcos é desmobilizadora e promove a desagregação da esquerda. Mas, os zapatistas não querem o poder sem o saber. Não querem a mera disputa de votos. Querem as gentes sabendo das coisas, conscientes, capazes de dizer sua palavra. Por isso, a outra campanha anda e não pede votos. Marcos não é candidato à presidência, “ni la madre” – como diz, fazendo troça do poder. Marcos é um homem sem rosto, um a mais entre tantos autóctones, camponeses, trabalhadores, oprimidos, um delegado zero, um subcomandante. Caminheiro e viandante, um homem de milho, na luta por um tempo de claridão. No México e no mundo todo...Com ele, caminham as gentes de língua estranha e rosto originário, com ele caminham os que querem andar!
* Com informações a partir do La Jornada e do EZLN
A oposição Bancária de Mogi das Cruzes e região tem por objetivos, juntamente com a Oposição Bancária Nacional, resgatar a autonomia e independência frente a governos, partidos e patrões, há muito deixados de lado pelo movimento sindical da CUT e colocar novamente os sindicatos a favor da luta dos trabalhadores.
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Depois de várias rodadas de negociação entre agosto e setembro, é os bancos dizendo não para todas as nossas reivindicações, agora não tem mais jeito, AGORA É GREVE!
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